Eu lhe contei que sempre fui seu idiota favorito Mas você achou melhor se apresentar em outros circos E conquistar a escuridão dos seus sonhos impossíveis E de cruéis desfechos. Todas minhas palavras lhe soaram dispensáveis Todas minhas lágrimas lhe pareceram engraçadas Toda minha política de bom menino Cansou sua mente aventureira E seu desejo de romper grilhões E conhecer um mundo distante Que não fosse tão covarde quanto o meu. Mas hoje, quando te vejo caminhando sobre este velho chão Respirando a discórdia, se entorpecendo com a solidão Sendo traída por aqueles que disseram ser seus amigos... Agora, garota, posso te perguntar: Valeu realmente a pena negociar seus sonhos Pela alegria passageira e seus fantasmas eternos? Pois quando me disse que a trapaça lhe sorrira E outras faces no espelho lhe sussurraram novas canções... Quando me disse que meu universo era pequeno demais Para conter suas fantasias Eu desejei ser reduzido a restos e pó Ou ser adotado pela noite vazia e melancólica Vãs tentativas de aliviar meus medos Estupor, estagnado, o cruel amanhecer no meu peito. Mas hoje, quando te vejo caminhando sobre este velho chão Chorando sangue, fazendo promessas, implorando migalhas Acredito que o que perdi me perdeu E o que me perdeu jamais poderia me ajudar a encontrar A suavidade de novamente estar em pé E ser para alguém que nem sei quem é Mais uma vez, o seu idiota favorito. Nota do Editor: Juliano Martinz é técnico em informática (mas o sonho de abandonar as máquinas e sobreviver como escritor persiste, inexpugnável).
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