Garrincha, pequeno pássaro encantado, alado guerreiro, ingênuo e inocente, que faz desfilar, no presente, galhardia, e humor e graça, as sementes do amanhã, e que alimenta nossa fragílima fantasia no palco grandioso do Maracanã. Mameluco cavaleiro do sonho, de auriverde manto sagrado, corcel veloz, galopa e voa a felicidade perfeita dos simples nos gramados da América e Europa. Pés alados. Pés de anjo. Pés calçados de couro e poesia, de poder e magia, na luta heróica, com espírito lúdico, faz acenos familiares à glória e, em danças, coreografias, corrupios, bêbedo de luz, sorve o vinho da vitória. Líder nato, sem bazófia ou arrogância, dançando, com dez exímios bailarinos, tece, com os pés, o painel encantado da vida no teatro, dramática arena dos bravos, do Estádio Nacional de Santiago. A fama é tênue e pesa toneladas. Heróis despencam no esquecimento vítimas da ingratidão covarde e infeliz. Mas Garrincha voa, flutua, ganha alento e, com arte, com magia e encantamento desperta, orgulha e enaltece um país. NOTA: Poema em homenagem a Garrincha, que liderou a seleção brasileira de futebol na conquista do bicampeonato mundial, disputado no Chile, em 1962. Nota do Editor: Pedro J. Bondaczuk é jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos).
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