A aliança política do Partido dos Trabalhadores (PT) com o grupo dos senadores José Sarney (PMDB-AP) e sua filha Roseana Sarney (PFL-MA), que sustenta em boa parte o governo Lula e é uma das esperanças para facilitar a reeleição do atual Presidente da República, enfrenta a resistência do PT do Maranhão. Os petistas maranhenses deram as costas ao acordo costurado pelo PT nacional com os Sarney, alegando serem adversários históricos no estado, e decidiram combater a candidatura de Roseana ao governo local. "A oligarquia Sarney começa a ruir. É bom o presidente Lula ficar de olho e avaliar melhor quem supostamente o está apoiando. Corre o risco de perder a eleição", argumenta o governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PSB), adversário político dos Sarney e um dos líderes do movimento suprapartidário de oposição aos Sarney, chamado Frente para Libertação do Maranhão. A maioria (76%) dos 250 delegados do PT maranhense decidiu integrar a Frente para Libertação. A decisão dos petistas maranhenses é apoiar Edson Vidigal (PSB), ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, para o governo. "Os petistas do Maranhão enxergaram o que os da esfera nacional resolveram ignorar, ou seja, que a oligarquia Sarney merece ser esvaziada do poder, já que contribuiu muito para os baixos índices de desenvolvimento humano, que agora começamos a reverter", diz José Reinaldo, que completa quatro anos de governo agora em abril. O cerco à aliança Lula-Sarney começa a dar sinais de ruína também por outras movimentações, como a do ex-secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça, juiz federal Flávio Dino, que deixou o CNJ para ser candidato a deputado federal pelo PCdoB-MA. Assim como o PT local, o juiz Dino passa a agir como um porta-voz contra a eleição de Roseana no estado. Segundo declarações do juiz, as chances de derrota dos Sarney este ano são grandes: "É plenamente possível. Acredito na vitória da nossa coligação, liderada por Edson Vidigal. O PCdoB atuará nessa direção, de modo claro, com união, sem divisões e vacilações". O apoio dos petistas do Maranhão a Vidigal é incondicional, tanto que indicaram a deputada federal Terezinha Fernandes como candidata a Vice-Governadora. Vidigal aceitou a indicação e costura apoio na mesma intensidade dos demais partidos da Frente para Libertação do Maranhão. Só que, além de Vidigal, a Frente também apóia a candidatura de Jackson Lago (PDT), na tentativa de impor derrota eleitoral aos Sarney em 2006. Entre os partidos que integram a Frente estão PSB, PL, PT, PC do B, PCB, PTC e PPS. Recentemente a Frente ganhou contornos regionais, com o interesse explícito demonstrado pelo grupo político do ex-senador João Capiberibe (PSB) de expandir o movimento para o Amapá. Inimigo ferrenho de José Sarney, Capiberibe quer ver o desafeto humilhado nacionalmente ao ser derrotado para a reeleição ao Senado Federal. Tanto que, freqüentemente, Capiberibe convida integrantes da Frente maranhense para participar de eventos públicos no Amapá. "Fui um dos convidados e fiquei impressionado com a presença maciça de organizações sociais, indignadas com o uso eleitoreiro do Amapá pelo senador que nem lá mora ou aparece", diz José Reinaldo.
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