Medição de sensor permite avaliar se ambientes de exposição são agressivos para quadros e pinturas. Luz, temperatura, umidade e poluentes podem acelerar processos de deterioração. Projeto recebeu apoio da Fapesp e da União Européia Para registrar os efeitos oxidantes da atmosfera na decomposição de materiais orgânicos usados em obras de arte, o químico Andrea Cavicchioli desenvolveu um sensor baseado numa microbalança de quartzo. O dispositivo registra alterações de peso em materiais como tintas, vernizes, colas e outros compostos, causadas pela interação com os microambientes dos espaços de exposição. A microbalança é composta de um disco de quartzo de 0,5 centímetro de diâmetro por cerca de 0,1 milímetro de espessura, ligado a dois eletrodos de ouro. "Para fazer o sensor, a substância a ser investigada é depositada no disco na forma de um filme", diz Cavicchioli, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP Leste. "O sensor então é posto dentro do ambiente que será monitorado e o disco registra como mudanças de peso (variação gravimétrica) a degradação do material." Segundo o professor, "a partir das medições do sensor, é possível dizer se o ambiente é agressivo ou não para as obras de arte". O aparelho, desenvolvido em colaboração com o pós-doutorando Carlos Neves, do Instituto de Química (IQ) da USP, ocupa, com toda a parte eletrônica, um volume de 10 X 15 X 2 centímetros, um pouco maior que uma fita cassete de áudio. "Atualmente, podem ser avaliadas até quatro substâncias diferentes ao mesmo tempo, como tintas, vernizes e colas, número que poderá ser aumentado com sua miniaturização", relata Cavicchioli. "Também está em desenvolvimento o uso do sensor para materiais metálicos." Decomposição Os radicais-livres da atmosfera estão entre os principais responsáveis pela decomposição de matéria orgânica, explica o professor. "Sua formação depende principalmente de luz e dos níveis de certos poluentes, como o ozônio", alerta, "mas é possível que a temperatura e a umidade também atuem nesse processo". Segundo o pesquisador, a tendência atual é descobrir se existem fatores de risco para as obras de arte antes que os danos aconteçam. "Os museus possuem medidores de temperatura e umidade, mas que não detectam diretamente alterações nas características dos objetos." Os testes de laboratório do sensor foram realizados em colaboração com a equipe da professora Dalva de Faria, do IQ. "Foram utilizadas técnicas não-destrutivas de análise de objetos para validar as medições", diz o professor. O projeto recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da União Européia. "A técnica despertou o interesse de pesquisadores da Inglaterra, Itália, Suécia e Polônia, que pretendem aplicá-la para monitorar a corrosão de ligas de chumbo em órgãos com tubos feitos do material, instalados em igrejas."
|