O Dia do Índio pode ser lembrado de uma maneira criativa e curiosa
Há 27 quilômetros do Centro de São Paulo, na cidade de Embu das Artes, Kunué, sobrinho de Diacuí - a primeira índia a casar-se com um homem branco no Brasil - passa os seus dias em um dos maiores museus indígenas do país. Kunué Kalapalo, 50 anos, pai de oito filhos, dois netos, é da tribo que leva o seu sobrenome no Alto do Xingu, MT. Há três anos o índio deixou a sua aldeia, composta por cerca de 200 habitantes, e veio para São Paulo. Morou dois anos em São Carlos e agora passa os seus dias fazendo artesanato no Museu do Índio, em Embu das Artes; e aos finais de semana e feriados na tradicional Feira de Artes e Artesanato da cidade. A tia de Kunué, Diacuí, aos 29 de novembro de 1952, na igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, casou-se com o sertanista Aires Câmara da Cunha. O padrinho foi Assis Chateaubriand. Na cerimônia mais 10.000 pessoas estiveram presentes, entre autoridades, índios e curiosos. O fato, na época, foi registrado pela imprensa de todo o mundo, inclusive pela revista Times. Kunué foi acolhido pelo pesquisador da cultura indígena, escritor, artista plástico e pintor Walde-Mar de Andrade e Silva, idealizador do Centro de Informação da Cultura Indígena (CICI). O Museu do Índio exibe um acervo de mais de 500 peças autênticas que abrangem toda a cultura indígena desde o preparo da comida aos instrumentos musicais, das armas de caça aos enfeites para os rituais, da cerâmica a cestaria e muito mais. Walde-Mar viveu entre os índios no Parque Nacional do Xingu, por vários anos, com apoio dos irmãos Villas Boas.
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