Para Wilton Pereira, coordenador do curso de Engenharia Elétrica das Faculdades Radial, professor-doutor formado pelo IME, soluções tecnológicas definitivas envolveriam tecnologia militar e participação das Forças Armadas
Se a cidade ainda vive um clima de alerta por conta dos últimos acontecimentos violentos envolvendo membros do PCC -, a população que vive no entorno dos presídios estaduais, amarga o resultado dessas ações. Sabendo que toda articulação das ações violentas partiu de dentro dos presídios através de aparelhos celulares, o Estado exigiu que as operadoras bloqueassem os sinais nas imediações de vários presídios, prejudicando também a população. A polêmica está no ar. Desligando as antenas nas imediações dos presídios, as operadoras estão naturalmente violando a constituição porque privam a população por um serviço que é pago. Mas será que há outras alternativas para quebrar a comunicação dos celulares de dentro dos presídios? "Sim, mas todas elas envolvem tecnologia militar. Isso significaria o envolvimento das Forças Armadas", explica o professor Wilton Pereira, coordenador dos cursos de Engenharia Elétrica e Automação Industrial das Faculdades Radial, Engenheiro de Telecomunicação formado pelo IME - Instituto Militar de Engenharia, do Rio de Janeiro, com trabalhos de mestrado e doutorado na área. Uma das formas, segundo o professor, é bloquear a comunicação causando interferência. Antenas que seriam direcionadas para dentro dos presídios causando grande interferência nas ligações. Talvez o usuário conseguisse até falar, mas pouco ele escutaria durante a ligação. "O problema é que envolve tecnologia militar, é uma tecnologia fechada, que envolve inclusive a segurança nacional", completa o professor Wilton. Mas, ainda segundo o professor, a tecnologia que seria ideal para bloquear a comunicação de dentro dos presídios chama-se Radiogoniometria, também de conhecimento do exército brasileiro. "Através dessa tecnologia, seria possível ir detectando, um a um, todos os aparelhos que fazem ou recebem ligações dentro dos presídios e os aparelhos seriam desconectados, desativando seus sinais", afirma o professor Wilton. Numa linguagem mais técnica, Radiogoniometria é o conjunto de processos destinados a medir direções, determinar posições com o emprego de ondas de rádio emitidas por transmissores de baixa ou média freqüência, de posição conhecida. O professor lembra que numa situação de combate durante uma guerra, para melhor explicar o efeito dessa tecnologia, o equipamento tem condições de localizar a posição móvel de um objeto para, posteriormente ser atacado. "Embora seja uma tecnologia avançada, o exercito brasileiro teria condições de implantá-la já que possui um centro de estudos avançadíssimo. Mas não é tão fácil assim, já que envolve a própria segurança nacional e mesmo o intercâmbio de tecnologia com outros países", lembra o professor. Mas a discussão vai além do campo tecnológico, como bem lembra o professor. "Eu acho um absurdo que as celas dos presídios tenham tomadas através das quais os presos possam carregar os celulares. Mesmo os aparelhos de TVs, poderiam ficar do lado de fora das grades. Acho que a situação poderia ser resolvida de modo mais simples, se houvesse um controle rigoroso com relação a entrada desses aparelhos para dentro dos presídios", completa o professor.
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