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Poesias
24/06/2004 - 14h29
Bóia-fria
Douglas Mondo
 

Passeando um dia pelo interior do país,
deparei-me com um imenso canavial.
Vi um menino cortando cana.
Era negrinho, da cor da cana queimada.

Era uma criança miúda, doze ou treze anos,
ligada com a pureza pelo cordão umbilical.
De mãos hábeis. Manipulavam
o facão com uma força sem igual.

Cada golpe forte, brutal,
trazia a ganância do usineiro
que explorava mão-de-obra infantil,
como se fosse normal, como é pelo interior do Brasil.

Num segundo eterno a tragédia
fez do menino uma vítima fatal:
o facão tão amigo, companheiro, virou seu inimigo
e ceifou-lhe a inocência de uma infância angelical.

Virou um aleijado bóia-fria,
agora um escravo da produção de açúcar
que na manhã adoça meu café,
que bebo e jogo o resto na pia.

Todo dia, jogamos um pouquinho
do menino-bóia-fria, pelo sujo ralo da pia.


Nota do Editor: Douglas Mondo é advogado, escritor e presidente da Tv Japi Mais.
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