Ao redor, dançam velhas sensações Velhos movimentos, cá e lá, suave canção Ao redor, feições doentias, modos doentios Suspiro em cinzas nos últimos instantes Me esqueço do que vem adiante... E o que vem adiante? Próxima esquina, próximo fim tão próximo De tão fim, enfim Dança o caos no semblante seguinte Solidão no túnel que ainda nem percorri Pontos escuros numa tela entorpecida A piada que se autodenomina vida... E se pudesses me fazer esquecer o que fiz Me darias uma outra chance? Dor mesma, o mesmo culpado Quedas, celas, trancafiado Passado que me embala A bala que fulmina meu passado Ouvindo Pink Floyd fluir, eterno, fluir Enquanto minha essência despedaça pedaços E pergunto, enquanto repergunto: "Does anybody else in here Fell the way I do?" Velho jogo de cartas marcadas Um dado em hesitantes mãos Amado e desprezado conforme as regras Ajuntado e deixado conforme a conveniência A certeza de que nunca estive aí A certeza de ainda estar em dúvida. E se pudesses te esquecer do que fiz Eu te daria uma outra chance? Começo desconexo - tudo tão comum Fim imprevisível - o nada tão anormal A luz que se perde de mim É a mesma que confundirá teus passos E quando percorreres um instante a mais Então, teu próprio sorriso te bastará E um alguém ninguém Dará início ao fim de tudo o que se prometeu Mas que jamais saiu do papel... Nota do Editor: Juliano Martinz é técnico em informática (mas o sonho de abandonar as máquinas e sobreviver como escritor persiste, inexpugnável).
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