"...não têm pão? Que comam brioches..." - Maria Antonieta de Habsburgo - 1774/1789.
Eu, que observando o mar da história, nunca tive sequer meus pés molhados; e que andei sempre em marcha-ré - grão de areia nas patas do caranguejo-necessidade. Eu que fiz castelos de veleidades e ornei com palitos chupados de sorvetes as muralhas de minhas guerras; Eu, hoje deságuo, esgoto, junto aos restos não aproveitados de vossa festa. Eu sou o rastro de sujeira do teu bicho geográfico. Aqui e ali você tenta fugir, nadar em águas limpas, em praias desertas, pelo dinheiro separadas. Aqui e ali você tapa o nariz com a fumaça dos teus churrascos de carne e sangue. Mas a correnteza tudo arrasta, a todo tempo, o tempo todo. Teu filho vai mergulhar no paraíso e submergir sob o peso denso da tua poluição. E só a ti vai servir decorar o em torno com teus cartões-postais. Uma hora dessas, as mandíbulas cegas da desonestidade branca vão arrancar tua perna. Um dia, você soçobra junto com os passageiros da 3ª classe. Um dia, o naufrágio inevitável. Nota do Editor: Fernando Mariz Masagão é músico, dramaturgo, poeta e colaborador de publicações on-line sobre arte, com crônicas e críticas musicais. Guitarrista e vocalista de bandas de rock’n’roll, tem formação clássica vigorosa, em cursos de regência sinfônica, apreciação musical e instrumentação.
|