Revelando a Fundart - 12/06/06 - Algumas colocações de Pedro Paulo Teixeira Pinto, responsável pela implantação da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba.
Luiz Moura |  |
O Guaruçá: O senhor foi prefeito de Ubatuba no período de 1983 a 1988, e uma das ações que marcaram a sua gestão foi a criação da Fundart. Conte-nos a respeito dos motivos que o levaram à formação dessa Fundação. Pedro Paulo: Quando assumi a Prefeitura existia no organograma e na prática uma Seção de Cultura. De pouco alcance pelo que se pretendia para um projeto cultural para Ubatuba. Uma fundação cultural, com possibilidades muito mais amplas e com a agilidade com que poderia atuar teria tudo para atingir os resultados que se precisava. Considerando ainda que poderia agir junto a empresas, a partir das leis de incentivo a cultura, angariando recursos significativos para a realização de seus projetos, levando em conta que o orçamento da Prefeitura era limitado como é até hoje. Ainda assim dotamos 3% do orçamento do município para o desempenho de suas atribuições vitais. O Guaruçá: A Fundart hoje cumpre com os objetivos para os quais foi criada? Pedro Paulo: Não. Em princípio, porque não pode nem pensar na captação de recursos sejam governamentais ou da iniciativa privada pelo fato de não contar com uma ferramenta básica que se chama “projeto de política cultural” e com pendências legais que prejudicam sua credibilidade, embaraçando sua ação. O Guaruçá: O que o senhor pensa a respeito das críticas feitas ao longo dos anos sobre o desempenho da Fundart? Pedro Paulo: Críticas sempre existiram e existirão. Cabe selecionar as pertinentes e tomá-las como colaboração, corrigindo rumos. As que escuto, ultimamente, são procedentes. O Guaruçá: Algumas pessoas aventam a criação da Secretaria Municipal da Cultura extinguindo-se a Fundart. Isto é um avanço ou um retrocesso? Pedro Paulo: Quando a peça de um carro não funciona não é preciso trocar o carro, basta consertá-lo, trocando-se apenas a peça. O Guaruçá: A presidência do Conselho Deliberativo e a chefia da Diretoria Executiva são exercidos pela mesma pessoa. Este acúmulo de funções conflitantes não seria o entrave para o funcionamento da Fundart? Pedro Paulo: É conflitante, anti-democrático e, conseqüentemente, prejudicial ao bom funcionamento da instituição. Ao longo da história a própria história se altera pela ação de novas idéias, descobertas etc. Sempre é tempo de mudar para melhor, e necessário! O Guaruçá: Qual a pergunta que gostaria de responder? Pedro Paulo: O que é básico para a construção de um prédio? A planta, ou seja, o projeto. Sem projeto, impossível construir um prédio econômica e tecnicamente adequado ao que se destina. Sem um projeto cultural a Fundart não irá a lugar algum a não ser à produção de eventos soltos, que se perdem porque não se amarram a uma política estudada e pré-estabelecida, visando alcançar metas definidas e que possam assegurar o desenvolvimento cultural que se necessita e quer.
|