A revista Época da semana passada (12/06) trouxe como assunto de capa o vegetarianismo. A matéria informa que, para um em cada quatro adolescentes norte-americanos, ser vegetariano é uma atitude "positiva". Lá, 2,5 por cento da população se consideram vegetarianos e no Brasil o crescimento desse grupo também é visível. Segundo Época, o site da Sociedade Vegetariana Brasileira tem 3 mil acessos por dia e o primeiro congresso vegetariano do Brasil, marcado para 4 a 8 de agosto, em São Paulo (no Memorial da América Latina) aguarda cerca de 10 mil participantes. A matéria traz ainda um quadro com as verdades e os mitos sobre vegetarianismo. Por exemplo: Vegetarianos são mais saudáveis? Sim. Em média eles são mais magros e têm menos colesterol. Vegetarianos são anêmicos? Não, se cuidarem da alimentação corretamente. Vegetarianos têm deficiência de proteína? Não. A quantidade de proteína necessária é relativamente pequena. Entre os que comem ovos e leite, especialmente, o risco é extremamente baixo. O vegetarianismo favorece o meio ambiente? Sim. A criação de gado provoca derrubada de florestas e agrava o efeito estufa. O consumo de água e grãos pelos países ricos é imenso. "Durante séculos vista como o item mais saudável, suculento e valorizado da dieta, a carne parece ter passado do ponto", prossegue a reportagem. "Por dois motivos. O primeiro - justificativa mais usada por quem se torna vegetariano - é a preocupação com a saúde. Os defensores do vegetarianismo afirmam que não comer carne reduz a mortalidade e a incidência de centenas de doenças. O segundo é a preocupação ética cada vez mais freqüente com a matança de animais." Época menciona o estudo feito com adventistas norte-americanos vegetarianos que, pelo fato de também não fumarem, não usarem bebidas alcoólicas e praticarem exercícios físicos, têm, naturalmente, mais saúde e vivem mais. "Sabe-se... que consumir 160 gramas de carne por dia aumenta o risco de câncer de intestino em 30%... Carnes processadas - como os embutidos - parecem oferecer risco ainda maior, por causa das substâncias usadas no preparo." E a falta de ferro e de proteína? Resposta: cozinhar em panelas de ferro pode driblar o problema da falta desse mineral. E quem come três cereais e uma leguminosa por refeição garante toda proteína necessária. (Quanto ao cálcio - para os que não consomem laticínios -, pode-se recorrer a suplementos.) No que diz respeito à crueldade com os animais, o texto é claro: "O gado criado no Brasil freqüentemente é manejado com brutalidade. O abate, em tese, deveria ser feito com um golpe de martelo hidráulico na cabeça, seguido de um corte na garganta, para que o sangue jorrasse para fora do corpo. Mas, como a fiscalização é precária, em muitos abatedouros clandestinos as reses são mesmo abatidas a pauladas. As galinhas de granja não têm destino melhor. São criadas em ambiente permanentemente iluminado para que não parem de comer e sigam botando ovos - até seis por dia, em lugar do único ovo que produziriam em condições naturais [decidindo consumir ovos caipiras, você já estará fazendo sua parte para reduzir essa crueldade]. Os pintinhos machos, que não servem para botar, são jogados vivos numa espécie de moedor gigante." A reportagem traz ainda entrevista com o filósofo Peter Singer, que diz não achar "justificável submeter animais a sofrimento só porque gostamos do sabor da carne ou porque estamos acostumados. É o que fazemos quando compramos um animal para comer. Agora, isso não vale para populações em condições de pobreza". E Época conclui perguntando: "O homem tem o direito de matar animais? Eis uma questão que ganha crescente força no mundo contemporâneo. Diz a atriz Mary Tyler Moore, vegetariana militante: ’Pode demorar um pouco, mas uma hora vamos olhar para trás e nos perguntar como era possível que, em pleno século XXI, ainda estivéssemos nos alimentando de animais.’" Com base em tais princípios, as cantinas da rede de escolas adventistas não servem carne animal de espécie alguma. Apenas derivados moderação. Para contribuir com a saúde dos alunos, doces e frituras também estão fora do cardápio, cuja educação nutricional é dada com aulas e palestras sobre o assunto, para pais e alunos.
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