Rodando... rodando... como duas cirandas de fogo, nos raios os raios de sol! Numa labuta constante, lá vai a bicicleta automóvel do caiçara pela estrada adiante!... Trás o pedreiro da obra, a criança trás da escola; da feira ainda carrega a mulher e a sacola!... Não precisa de licença, gasolina, de ficar na revisão. Para estacionar lhe basta qualquer murinho, parede, qualquer risquinho de chão! Se encontra um riacho, sem problemas para passar, de tão leve, põe o caiçara as costas a bicicleta para o rio atravessar! Atléticos, tisnados pela maresia, até os músculos do caiçara atestam as vantagens da saudável condução; pedalando, pedalando, sem parar pelas veredas, ladeiras, altos e baixos de terra, areias, poças, cascalhos nas estradas de Ubatuba, nos caminhos do sertão! Por isso, ao fim de cada jornada reconhecido o ciclista, da amiga sempre presente, daquela que nunca falha, que nunca o deixa na mão, olha o pneu, a corrente; e o selim desbotado num afago passa a mão; como se no dorso de um jegue sempre submisso, cansado, ao qual dissesse: obrigado a ti amigo! que sem glória nem pedigree, nesta luta do caiçara entre a cidade e a mata, estás sempre de plantão!
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