A TECE (Tecnologia e Ciência Educacional) está desenvolvendo uma caneta especial para deficientes visuais que pretende facilitar a escrita em braille por crianças e adultos. "É um produto útil, mas que ainda não existe no mercado", explica a bióloga Aline Piccoli Otalara, coordenadora da TECE, empresa que nasceu na Incubadora de Base Tecnológica da Unesp de Rio Claro (Incunesp). O equipamento pode substituir o uso da reglete, que é uma prancheta e uma régua, acompanhadas de um punção utilizado para a escrita do código braille na folha de papel. Os primeiros modelos chegaram ao Brasil na década de 40 e sofreram poucas modificações. "Precisamos melhorar o design da caneta e arrumar um parceiro para produção em escala industrial", diz Aline. Segundo ela, o produto será importante para a inserção social de crianças em idade escolar e de adultos que perderam a visão. Atualmente, o uso da reglete obriga que a escrita seja feita no sentido inverso, ou seja, da direita para a esquerda, e o código escrito ao contrário, como se estivesse em frente a um espelho. O equipamento desenvolvido na Incunesp oferece a possibilidade de escrever da esquerda para a direita e com o código da maneira correta, facilitando a leitura simultânea. Para desenvolver o modelo, a empresa incubada TECE fez pesquisas com profissionais e entidades especializadas no atendimento aos deficientes visuais. Entre os principais consultores, destacam-se o ex-professor da Unesp Manuel Costa Carnahyba, doutor em Educação, e que possui deficiência visual desde os quatro anos de idade, e a professora Deisy Piedade Munhoz Lopes, do departamento de Física da Unesp. A TECE também fez uma parceria com o Instituto ParqTec de Design, de São Carlos, e enviou o projeto ao programa Pipe-Fapesp, que fornece recursos para pesquisas inovadoras nas áreas de ciência e tecnologia, desde que sejam executadas por pequenas empresas com alto potencial de retorno comercial ou social. A intenção é que a resina e o acrílico utilizados na confecção dos protótipos sejam trocados por material de custo baixo e mais confortável aos deficientes visuais. "Nossa preocupação foi a de fazer um produto que atendesse perfeitamente às necessidades do usuário", explica Aline. "Esperamos que o equipamento chegue ao mercado pela metade do preço de uma reglete tradicional".
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