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08/07/2006 - 06h14
Matérias sobre aids reforçavam moralismo
Agência USP de Notícias
 

Reportagens do Fantástico entre 1983 e 1992 romperam preconceitos sobre a doença, mas cobertura das pesquisas difundia idéia equivocada de que a ciência seria a solução de todos os males. O estudo, realizado na FFLCH, foi premiado em congresso internacional

As reportagens sobre aids exibidas entre 1983 e 1992 no programa Fantástico, da Rede Globo, ajudaram a esclarecer o público sobre a doença, mas ao mesmo tempo reforçaram uma visão moralista sobre a sexualidade. Para chegar a essa constatação, a historiadora Germana Barata analisou matérias que citavam pesquisas científicas sobre a aids. Os resultados dessa análise constam em um estudo de mestrado apresentado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

A pesquisadora escolheu o Fantástico devido à sua audiência e ao fato de o programa misturar características de informação e entretenimento. Germana delimitou três fases de abordagem da doença nas reportagens. "Na primeira, entre 1983 e 1985, havia um desconhecimento sobre a aids, o que levava ao predomínio de informações científicas sobre causas, sintomas e formas de transmissão", conta. "As reportagens transmitiam uma sensação de medo e pânico, ao mesmo tempo que mostravam a doença como algo distante do Brasil e restrita a grupos de risco, em especial os homossexuais."

O segundo período, entre 1985 e 1988, coincide com o aumento do número de casos no País e com a criação do primeiro programa oficial de combate a aids. "São mostrados dados sobre o avanço da doença em cada estado e também são feitas denúncias das más condições dos serviços de saúde pública", relata Germana. "Nesta fase, a população é responsabilizada pela disseminação da aids e, portanto, chamada a se prevenir para contê-la."

Entre 1988 e 1992, as reportagens deixam de abordar apenas os grupos de risco para falar em comportamentos de risco. "Neste terceiro período, a aids passa a ser vista como um problema de toda a população e a reportagem do Fantástico começa a ouvir não apenas médicos e pacientes, mas o público em geral", diz a pesquisadora. "Informações sobre prevenção e sexo seguro ganham mais espaço, ficando claro que a aids veio para ficar."

Moral

De acordo com a pesquisadora, a aids ganhou espaço no período por preencher os requisitos esperados pela mídia. "No caso do Fantástico, a prestação de serviço esteve presente, com informações sobre a doença, formas de prevenção e pesquisas de tratamentos", diz. "Porém, o fato de a aids ser transmitida sexualmente traz um aspecto moralizante à doença, tornando-a uma fonte de audiência."

Germana aponta que os depoimentos de alguns médicos nas reportagens refletiam seus valores morais. "Eles condenavam, por exemplo, o comportamento sexual promíscuo dos homossexuais ou o consumo de drogas ao invés de defender medidas preventivas, como a distribuição de preservativos e seringas descartáveis, adotadas mais tarde", descreve. "Havia uma dificuldade da ciência biomédica em entender a atuação do vírus HIV, reforçando a associação inicial da doença aos hábitos sexuais dos gays."

Segundo ela, as próprias matérias também tinham dualidades. "Uma das reportagens não se refere ao homossexualismo em sua narração, mas enfatizava imagens de casais gays", lembra. "Há uma correspondência entre o discurso do programa e o público, sendo que os valores ali expressos em relação à aids encaixaram-se bem à sociedade da época, conservadora em seus comportamentos e modos de agir."

"O Fantástico também ajudou a quebrar preconceitos, ao mostrar que a doença não atinge apenas homossexuais ou quando mostrou o médico Draúzio Varella tocando em um paciente com Sarcoma de Kaposi, câncer associado a aids", relata Germana. "Mas as reportagens sobre tratamentos, apesar de passarem uma sensação de esperança, difundiam a idéia equivocada de que a ciência seria a solução para todos os males."

A dissertação de mestrado de Germana, orientada pelo professor Gildo Magalhães dos Santos Filho, da FFLCH, foi premiada na 9º Conferência Internacional sobre Comunicação Pública em Ciência e Tecnologia (PSCT-9), realizada na Coréia do Sul. O trabalho recebeu um dos dois prêmios para pesquisadores com até 35 anos de idade.

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