Sempre desconfiei de pesquisas avaliadoras de autoridades públicas. Quando por essas autoridades encomendadas e divulgadas, a desconfiança passa a ser certeza de inverdade. Quem está bem qualificado pelo povo não precisa gastar dinheiro público para dizer ao povo o que ele já sabe e vive. Também não necessita convocar os comissionados para pressiona-los a apoiar a administração. Método, supostamente, importado de uma outra administração que teve epílogo pouco louvável. O auto-elogio mentiroso costuma ser indício de que as coisas caminham por caminhos tortuosos e a avaliação das ruas é negativa. Nas situações em que a avaliação propalada indica uma certa unanimidade positiva costumo aplicar-lhe aquela afirmativa de Juan Domingos Perón. Bajulado, Perón, por um lisonjeador de plantão, que ele conhecia de longa data, lhe disse: “Amigo: Em um gobierno 10% són a favor y fieles al gobernante. Otros 10% són contra todo lo que haga. Los 80% restantes están al sol que más calienta”. O texto não necessita de tradução para entender que 80% dos cidadãos, menos politizados, se puderem, encostam-se, nos poderosos, para usufruir de seus favores. São bajuladores, apoiadores... de ocasião. Estão ao lado do governante enquanto dele podem tirar alguma vantagem. Por sua vez, nossos governantes brasileiros, costumam seguir o conselho atribuído a Getúlio Vargas: “Quando não consigas convencer o inimigo, compra-o”. Hoje, alguns políticos vão mais longe e ampliam a frase de Getúlio Vargas, no sentido de: “Não conseguindo atrair, convencer, silenciar o inimigo, mata-o. Primeiro moral, econômica e socialmente. Não dando certo, fisicamente”. Sobram exemplos dessas políticas em nosso Brasil de mensalões, sanguessugas, correios, Celso Daniel, Toninho do PT, e outros peixes menores. Certamente, esses governantes, esquecem as conseqüências ocultas e silenciosas, dessa prática e da rejeição e censura que despertam em todos os cidadãos. Filósofos e psicólogos modernos teorizam que, todo cidadão, político ou não, que inflige um mal gravíssimo de calúnia, difamação, fraude, seqüestro, morte a alguém... a partir desse ato não é a mesma pessoa. Não é mais uma pessoa corrente. É alguém que cometeu um mal irreparável que os outros não cometeram. É um delinqüente. Na sua consciência instalar-se-á uma luta sem quartel entre o complexo de culpa e a vontade de esquecer o mal que praticou e as injustiças, roubalheiras e agressões cometidas. Nessa luta, seus malabarismos internos, podem leva-lo à psicopatia. Um psicopata dificilmente será um S. Francisco de Assis. Esses políticos, na presunção de sua vaidade, esquecem a frase de Nelson Rodriguez: “Toda unanimidade é burra”, desconsideram a inteligência dos cidadãos atribuindo-lhes burrice que eles não possuem, já que, diuturnamente, vivem os problemas que os mandatários criam e comparam o discurso com a realidade. Nessa comparação, a realidade, tem mais espinhos que rosas e o governante recebe mais críticas que elogios. Tendo, em Ubatuba, bastante água, concluiremos com o provérbio budista: “Até uma gota de água suja pode refletir a lua”.
Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.
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