Todos os dias eu digo: escreverei um poema Todos os dias eu falho escrevo acontecimentos O poema é a notícia que não veio que ficou no meio censurada pelo tempo (pela caneta de um funcionário alheio) Pois o tempo é exigente e exerce o medo como um cão no jardim de olho azedo Todos os dias eu pulo no quintal seco e sou mordido no ventre (lugar onde o vento não chega) De mim nascerá um filho talvez eu mesmo que não morrerá tão cedo Até lá mil gerações tombarão antes do tempo (a eternidade não tem a pressa que eu tenho) Nota do Editor: Nei Duclós é autor de três livros de poesia: "Outubro" (1975), "No meio da rua" (1979) e "No mar, Veremos" (2001); e de um romance: "Universo Baldio" (2004). Jornalista desde 1970 e bacharel em História. Trabalha atualmente em Florianópolis, onde é editor-executivo de duas revistas.
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