Reprodução      Lutero aos 46 anos (Lucas Cranach o Velho, 1529).

Nunca esquecerei o que o nosso professor de História o professor Hercules Cembranelli, nos ensinava: “A importância da história para o homem, dentre outras coisas, consiste em nos relatar os erros ocorridos com a humanidade no passado, para não repetirmos no futuro...”

Naquela época, eu tinha uns dezesseis/dezoito anos e nós éramos chamados de “protestantes”, depois passaram a nos chamar de “crentes” e atualmente somos chamados de “evangélicos”, e alguns até arriscam uma americanização de “gospel”.

Passados trinta e cinco anos deste fato, perdemos não só o nome de “protestantes” mas os “ideais da reforma” que motivaram o teólogo Martinho Lutero, monge agostiniano, a se rebelar contra a autoridade do Papa da Igreja Católica Apostólica Romana, e que perduram por 500 anos.

O professor Hércules Cembranelli nos ensinava que Martinho Lutero começou a questionar os dogmas da Igreja Católica Apostólica Romana (doutrinas insofismáveis), diante do seu enriquecimento material, a despeito da miséria do povo.

Com a chegada dos legados do Papa Leão X, que anunciavam uma indulgência em troca da doação em dinheiro para a construção da basílica de São Pedro (reconstrução e reforma), Martinho Lutero, fica enojado com esse comércio. Ele crê na confissão, e que todos devem poder confiar na graça divina. Em 1517, envia 95 teses a seus superiores eclesiásticos.

Conta a lenda, que Lutero pregou as teses com estrondosos golpes de martelo na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. O documento é logo impresso e distribuído entre a gente de Leipzig, Nurembergue e Basiléia.

Dizem que usavam cofres (gazofilácio) com dizeres absurdos tais como: "Ao som de cada moeda que cai neste cofre uma alma desprega do purgatório e voa para o paraíso!" (Tayne, Hist. da Literatura Ing. Coroado pela Acad. Francesa e Vol.II, pág. 35, de O Papa e o Concílio).

Em 1518, Roma abre um processo por heresia contra Lutero. Dois anos mais tarde, o papa Leão X ameaça puni-lo, caso não revogue suas teses; em dezembro de 1520, o rebelde queima a bula papal em protesto, além de um livro de leis católicas e várias obras de seus opositores, ele questionava também, pelo menos implicitamente, a infalibilidade da Igreja.

Agora Martinho Lutero rompera definitiva e irreversivelmente com Roma. Quando Leão X fica sabendo do escandaloso espetáculo de incineração, não hesita: em 3 de janeiro de 1521 e lança sobre o reformador a maldição da excomunhão. O pregador das indulgências, Tetzel, pede a fogueira para Lutero.

Este Tetzel tornou-se famoso vendendo um documento oficial que "dava o direito antecipado de pecar!" Negociava outra indulgência incrível que garantia: "Ainda que tenhas violado Maria mãe de Deus, descerás para casa perdoado e certo do paraíso!"

Talvez você da nova geração (embora eu não seja “antigo”) não saiba o que quer dizer Indulgência, então vamos ao dicionário:

Indulgência - s.f. (do latim indulgentia) 1- Facilidade em perdoar os erros dos outros; tolerância; mostrar indulgência. 2- Clemência, misericórdia. 3- Indulto, perdão. 4- Na religião católica, remissão total ou parcial, diante de Deus, da pena temporal devida por pecados já perdoados. Enciclopédia - A prática das indulgências originou-se nos primeiros tempos da Igreja; está ligada ao indulto pleno ou parcial da penitência pública imposta aos pecadores. Depois apareceram cobranças e tarifas aplicadas às penas eclesiásticas, sob a forma de esmolas, missas, orações etc.

Antigamente não se podia ler a Bíblia (naquela época a Bíblia da Igreja Católica Apostólica Romana era igual a nossa (protestante), com 66 livros), como qualquer um pode ler hoje; tanto, por não haver traduções em várias línguas (só havia em grego ou latim), e por a gráfica ter sido recém descoberta (pouco mais de cinqüenta anos), além do que o clero proibia; com o temor de interpretação equivocada pelos fiéis.

Martinho Lutero, traduz a Bíblia do latim (língua oficial do império romano, que perpetuou até recentemente na Igreja Católica Apostólica Romana) e manda imprimi-la na língua alemã.

Martinho Lutero lê no Livro de Romanos capítulo 1 versículo 17, que: ...o justo vivera pela fé. E que o homem é salvo mediante a sua fé em Cristo, eliminando qualquer outra forma do homem ser salvo.

No concílio Vaticano I, em 1870, foi definido o dogma da inefabilidade do papa (de que não falha ou erra). Pois bem, assim como aconteceu no passado, volta a se praticar as mesmas estratégias de captação de recursos financeiros, só que agora não mais na Igreja Católica Apostólica Romana (embora alguns movimentos já se iniciem timidamente em alguns segmentos dela), mas não..., como em nossas Igrejas EVANGÉLICAS.

Esgotado a captação de recursos através de dízimos e ofertas, lança-se mão de uma “campanha” (que normalmente leva o nome de um evento importante relatado na Bíblia), tipo “Gideão da promessa”, “Sacrificar Isaque”, “Campanha de Jericó” etc., onde os fiéis são desafiados por fé, a contribuírem (extra dízimos e ofertas), através de depósitos bancários. Esta contribuição é destinada especificamente para o “DESAFIO” de se fazer alguma coisa, e a “benção” em decorrência da contribuição será proporcional ao valor. Maior o valor, maior a benção...