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Ciência e Tecnologia
18/08/2006 - 14h01
Produtos naturais são alvos da biotecnologia
Eliane R. Santarém
 

O uso de compostos naturais pelo Homem remonta à antiguidade. Desde aquela época, as substâncias vegetais com propriedades naturais têm sido usadas para o tratamento de enfermidades, como matéria-prima para a síntese de moléculas complexas de interesse farmacológico e como protótipos para o desenvolvimento de novos medicamentos. Além das inúmeras possibilidades de utilização da engenharia genética das plantas utilizadas como alimento, a biotecnologia vem despontando como importante ferramenta para o aumento de produção de compostos naturais.

A biotecnologia permite o acesso às fontes de substâncias naturais, independentemente das variações sazonais, localização geográfica e problemas de reprodutibilidade, além de promover a síntese de compostos bioativos nas plantas. Entre as enfermidades que figuram como alvo da biotecnologia está o câncer, hoje um dos principais males que afligem a humanidade - causa, anualmente, a morte de mais de 122 mil pessoas no Brasil.

Nos últimos anos, a pesquisa científica com compostos naturais tem proporcionado esperança àqueles que lutam contra esta doença. Como exemplo, os alcalóides vincristina e vimblastina, extraídos de plantas de vinca, são largamente aplicados no tratamento de linfomas e de leucemia infantil, inibindo a reprodução da célula tumoral. Um outro exemplo é a harrintonina, um alcalóide encontrado em Cephalotaxus, planta usada na medicina chinesa contra alguns tipos de câncer.

Atualmente, uma substância natural bastante visada é o taxol, cujo princípio ativo leva o nome genérico de paclitaxel. O taxol é um agente antineoplásico no tratamento de câncer de ovário, de mama e de pulmão, com excelentes resultados. É obtido da casca de uma árvore de pequeno porte, conhecida como teixo do Pacífico (Taxus brevifolia). Por depender do extrativismo, o suprimento de taxol tornou-se um problema, pois, para se obter 1 kg do produto, é necessário colher de 20 kg a 60 kg de casca seca da árvore. O que põe em risco a sobrevivência da espécie.

A biotecnologia tem oferecido uma fonte renovável para a produção do taxol, diminuindo a extração do teixo. Já é possível reproduzir células de Taxus em sistemas artificiais, nos quais as células são retiradas da planta e cultivadas em laboratório. Os resultados de pesquisas obtidos nos últimos anos têm demonstrado que, deste modo, é possível produzir quantidades de taxol semelhantes àquelas encontradas na casca das plantas e, em alguns casos, até aumentar a produção. Da mesma forma, foi possível encontrar e produzir taxol ou compostos semelhantes, com a mesma propriedade medicinal, em outras espécies de Taxus. A engenharia genética também é alternativa para o aumento de produção de taxol, pois permite a manipulação direta do genoma destas espécies ou a introdução de genes que permitam controlar a síntese parcial ou total das substâncias bioativas dentro das células.

A busca por métodos alternativos de produção é justificada, já que o paclitaxel tornou-se o medicamento mais vendido contra o câncer em todos os tempos e movimentou US$ 9 bilhões nos Estados Unidos, desde a sua entrada no mercado até o ano de 2002. A produção de substâncias naturais de interesse farmacêutico e industrial representa hoje uma realidade capaz de melhorar a vida de milhares de pessoas, por meio da disponibilidade de compostos naturais em quantidade e qualidade que até há alguns anos não poderiam ser obtidas. Nesse contexto, a biotecnologia vegetal permite vislumbrar um futuro com plantas que seriam verdadeiras biofábricas de substâncias que possam ser utilizadas no tratamento de diversas doenças.


Nota do Editor: Eliane R. Santarém, bióloga, doutora em Botânica é membro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).

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