Sou moradora de Ubatuba, desde o ano de 1987 e considero-me “caiçara de coração”; desde o momento em que fui tomando essa consciência, passei a interagir com a cidade e a me manifestar diante das injustiças ou fatos que me incomodavam de alguma forma. Vivendo dentro desse deslumbre que é a Mata Atlântica, sempre me posicionei em defesa dos animais e plantas que compõe nosso município. Entristeço quando percebo mais um espécime sendo caçado no sertão do Taquaral, no sertão do Ubatumirim ou quando mais um pedaço de mata é destruído nesta cidade, dentre tantas outras degenerações. Como voluntária da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba e posteriormente como membro da diretoria, fui muito além do que apenas fazer críticas ou ter intenções. Tomei atitudes que julguei importantes para as inércias e injustiças existentes. Não só eu, mas todas as outras pessoas que indignadas, partilharam e partilham do mesmo ideal de respeito a todas as formas de vida. Quando tive oportunidade de ler a matéria escrita pelo João L. S. De Vincenzo, da Sociedade de Amigos da Praia do Felix, publicada no Jornal “A Cidade” de 26 de agosto de 2006, pág. 04 (título: Ameaça ao meio ambiente – Cães soltos na Praia do Felix), visualizei, num primeiro momento, os cães como vilões da história e predadores cruéis, especificamente o cão da raça Labrador, que no dia 17 de agosto de 2006, na praia do Félix, matou a cotia prenha. Há, porém um enfoque que devemos ressaltar, que é o fato dos cães não serem os verdadeiros culpados. Como bem disse o autor do texto, há grande quantidade de cães soltos e abandonados, mas que na verdade são fruto da falta de responsabilidade de seus donos ou da crueldade de quem os abandonou para viver à própria sorte. As duas atitudes são tipificadas como crime e existe legislação federal, estadual e municipal que determina a punição para os infratores, havendo inclusive orientação para que a polícia seja acionada. Como sempre enfatizamos e como bem disse o autor do texto, “o problema dos cães abandonados pelas ruas da cidade de Ubatuba e nas praias e ilhas do Litoral Norte é um problema sério, ambiental e de saúde pública”. Nós vamos mais além: afeta o turismo e trata-se de relevante questão para o ser humano quando de fato, não existem políticas públicas que tratem o assunto com o respeito e a dignidade merecida. A conscientização de posse responsável, o controle populacional através das esterilizações e uma lei de registro de animais são a base para que haja um equilíbrio de convivência dos animais com o ser humano. Neste ato, desejamos esclarecer que a APAUBA se encontra, como entidade beneficente, inteiramente disponível para apoiar as providências que os órgãos municipais competentes e as autoridades possam tomar no sentido de que as leis sejam respeitadas e os cães e gatos efetivamente sejam também considerados como seres a serem protegidos pela Lei Ambiental.
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