Projeto apoiado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) deve revitalizar o cultivo do sisal e será tema de encontro em Campina Grande, na Paraíba
O sisal, conhecido pela utilidade na confecção de fios e cordas, deixou de ter representatividade econômica na Paraíba há mais de trinta anos, com o advento das fibras sintéticas, de maior durabilidade. Hoje, novas perspectivas surgem com pesquisas que avaliam o uso da fibra do sisal como componente do fibrocimento, em substituição ao amianto na indústria da construção civil. A apresentação do projeto que financia as pesquisas, desenvolvidas pela Universidade Federal de Campina Grande, será feita em encontro programado para os dias 8 e 9 de setembro e que reúne, na cidade paraibana, representantes do Fundo Comum de Commodities (CFC), Sebrae, Governo do Estado, Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais da Bahia (Sindfibras) e Embrapa, além de representantes do setor produtivo no Estado. "Com a tendência mundial de valorização dos produtos de apelo ecológico e sustentável, as fibras naturais são vistas como alternativas mais viáveis, pois não agridem o meio ambiente como as fibras sintéticas. A própria indústria automobilística já começa a experimentar fibras vegetais na confecção dos forros dos carros, por exemplo", explica o professor Antônio Farias Leal, do Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG, que coordena as pesquisas. O projeto, articulado pelo Sebrae na Paraíba e Sindfibras, por meio do Sebrae Nacional, obteve recursos da ordem de US$ 672 mil dólares do CFC, à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) para a implementação de um estudo de viabilidade técnica e econômica do uso do sisal em peças de fibrocimento, como telhas e tijolos. De acordo com Antônio Felinto, gestor do projeto no Sebrae estadual, o apoio do CFC é de fundamental importância para que outros projetos de incentivo ao desenvolvimento sustentável na região possam vislumbrar aporte financeiro para serem colocados em prática. No dia 8, a programação do encontro, que acontece no Campus I da UFCG, conta com a apresentação do projeto e seu impacto social e econômico nas regiões produtoras de sisal na Paraíba, especialmente Cariri e Curimataú, e a discussão de novas propostas entre representantes do setor produtivo da Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia para obter financiamentos para novos projetos junto ao CFC. No sábado, dia 9, os participantes deverão realizar uma visita técnica à sede da Embrapa Algodão, além do município de Pocinhos, onde há campos de produção de sisal. Cenário Atualmente, a Bahia responde pela maior produção nacional, com cerca de 87%, e coloca o Brasil na posição de maior exportador mundial. A valorização do preço do sisal no mercado - atualmente, o quilo está torno de R$ 1,40 - contribuiu para a revitalização da atividade, que encontra grandes compradores no mercado externo, interessados também em produtos derivados, como mantas, tapetes e peças em artesanato. A Paraíba, que tempos atrás chegou a assumir essa liderança, hoje detém apenas 7,4% da produção, enquanto o Rio Grande Norte responde por 5,2% da produção nacional. Embora a produção nacional tenha caído em 50%, comparando-se à década de 70, estima-se que o sisal ainda seja responsável pela geração de ocupação e renda para mais de 1 milhão de trabalhadores.
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