Renato Boulos / USC      Charles Medeiros comemora a rejeição do projeto de Decreto Legislativo que concederia o título de cidadão ubatubense a Eduardo de Souza César.

• Câmara Municipal rejeita título de cidadão ubatubense ao prefeito Eduardo César

A Câmara Municipal de Ubatuba rejeitou ontem (19), por não alcançar os dois terços regimentais de votos, a concessão do título de cidadão ubatubense para o prefeito da própria cidade, Eduardo César. De acordo com os anais da Casa, trata-se da primeira rejeição de concessão de título na história do Legislativo do município.

O projeto de lei nº 03/06, da vereadora Luciana Machado, que concederia o título de cidadão ubatubense ao prefeito Eduardo César, teve seis votos favoráveis, da proponente e dos vereadores, Cláudio Gulli, Gerson de Oliveira, Marcos Demo, Romerson de Oliveira e Osmar dos Santos. Votaram contra a concessão do título ao prefeito os vereadores Charles Medeiros, Edílson Felix e Jairo dos Santos.

Com o placar de 6 votos a 3, o vereador Gerson de Oliveira pediu a manifestação do presidente da Casa, vereador Ricardo Cortes, já que o regimento da Câmara de Ubatuba exige mais que dois terços de votos a favor para a concessão de título de cidadania: para a surpresa de muitos, o presidente votou contra e o projeto foi arquivado.

A vereadora Luciana Machado defendia a homenagem dizendo que estaria concedendo o título à pessoa Eduardo César e não somente ao prefeito. Luciana afirmou que o título devia ser dado por todos os trabalhos já realizados por Eduardo César, desde quando trabalhou como vereador, permanecendo na Câmara por três mandatos, e agora como prefeito de Ubatuba. A vereadora disse ter recebido pedidos para que retirasse o projeto da pauta de votações, devido ao momento político conturbado por que passa a administração, referindo-se a acusações de uso da máquina nas eleições, mas disse ter preferido mantê-lo “não para defender o prefeito, e sim homenagear a pessoa Eduardo César, por todos os trabalhos já realizados pela cidade”.

O vereador Cláudio Gulli concordou com a vereadora e acrescentou: “Que atire a primeira pedra quem nunca errou. Errar é humano. Os bons olhos vêem coisas boas, os ruins já enxergam coisas ruins, mas a justiça irá analisar”, disse, se referindo às acusações.

Gerson de Oliveira disse que convive com a pessoa Eduardo César há anos e crê que ele é merecedor do titulo. “Convivo com ele desde seu primeiro mandato como vereador e se ele não tivesse realizado um bom trabalho não seria atualmente o prefeito da cidade. Ele e sua família gostam e lutam muito por Ubatuba, acho injusto não conceder esse título a ele”, justificou.

Já Edílson Félix, Charles Medeiros e Jairo dos Santos pediram desculpas à vereadora Luciana Machado e rejeitaram o projeto. Félix foi enfático: “Temos que honrar pessoas que contribuem para o município e não um perseguidor. Minha família está sofrendo muito por causa de perseguições. Quer se vingar, brigue comigo e não com minha família”, disse o vereador, como que contendo as lágrimas.

Charles Medeiros disse que o prefeito não merece o título porque “mente deslavadamente”. “Como é que vou votar numa pessoa que é covarde, que coage, persegue e finge ser bom? Ele é sim um déspota e um ditador. Todos que disserem um não para ele serão perseguidos. Perseguidos por pessoas mandadas por ele, porque ele não tem coragem de fazer. Como vou votar a favor de um título a um tirano?”, frisou.

Jairo dos Santos explicou que seu voto foi contra porque o prefeito não teria cumprido as promessas feitas em campanha.

No final da sessão, o vereador Ricardo Cortes justificou sua rejeição explicando que Prefeitura e Câmara Municipal são poderes separados e que ele e os demais vereadores não podem admitir que a Prefeitura intime um vereador. Cortes considerou que esse não seria o momento certo de conceder um título a Eduardo César.

Segundo a Assessoria da Câmara, pelo menos nos últimos cinco anos, nunca foi negado um titulo de cidadão ubatubense a ninguém.


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