O Brasil passa por um momento político e ético dos mais tumultuados e temos a grande chance de exigir ordem e justiça: vamos votar com consciência. Esse é mais que um apelo da sociedade; é a necessidade de sobrevivência das instituições brasileiras e da democracia por que tanto lutamos. Os cidadãos acompanham os escândalos investigados pelo Conselho de Ética, cobram penalidades para as ações de parlamentares, que nos envergonham. Por isso, é preciso que as pessoas tenham muito cuidado e muito critério na escolha de seu candidato para o Executivo e o Legislativo. A legislação eleitoral acabou com o show, com as produções de marqueteiros e, por isso, é preciso ouvir os candidatos e suas propostas. É preciso pesquisar quem tem compromisso com seu eleitor e seu estado. Precisamos limpar a política brasileira. Isso começa no voto. Isso começa com a ação do povo, de todos nós: ricos, pobres, contribuintes, quem se beneficia de programas governamentais, qualquer pessoa que tem título de eleitor. Todos devem saber qual o passado de seu candidato, o que ele propõe, o que faz e quais suas intenções. Para os novos candidatos, o eleitor deve procurar conhecer qual o trabalho realizado, qual o comprometimento social e quais suas propostas. Outro dia, um turista que visitava a Câmara dos Deputados me perguntou o que era ética, já que os políticos não respeitavam sequer seu eleitor. Fiquei constrangido pelo Congresso que está passando por um momento muito infeliz. Por outro lado, percebi que as pessoas acompanham as CPI´s e esperam que os políticos restabeleçam a justiça e punam quem comete erros graves (às vezes crimes!). Precisamos pensar muito bem no voto. Ser muito honesto com o Brasil que queremos, escolher o melhor e não o que fala aquilo que queremos ouvir. A crise institucional resvala na nossa auto-estima e na credibilidade do país. No Conselho de Ética temos muito cuidado em avaliar as provas, verificar a autenticidade dos documentos, não confiar no denuncismo, mas nunca deixar de investigar, checar e rechecar as provas com isenção, sem corporativismo. O eleitor deve fazer o mesmo: conhecer bem seu candidato e votar na ética. Aliás, precisamos restabelecer o significado dos dois mais importantes verbetes até 1º de outubro: > escolher: v. 1. Tr. dir. Separar segundo qualidade, etc.; selecionar. 2. Tr. dir. Separar impurezas ou produto de má qualidade de. 3. Tr. dir. Eleger, nomear. 4. Tr. ind. Optar. 5. Tr. dir. Assinalar, delinear, marcar. > ética: s. f. 1. Parte da filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. 2. Conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão. O choque de ética deve ser em todas as profissões, para evitar: advogados bandidos, engenheiros que usam materiais de segunda, médicos que matam, jornalistas que não checam informação, economistas que avaliam erroneamente a conjuntura ou administradores que só pensam em números e não defendem o emprego. É o momento de escolher certo. O momento de fazer valer o desejo por um país melhor e mais justo. É preciso estar vigilante: selecionar pelos princípios, eleger pelo conjunto da obra e do pensamento. Nota do Editor: Ricardo Izar é presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados.
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