O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode considerar o fato de não ter sido reeleito no primeiro turno das eleições como uma derrota, na avaliação da revista britânica The Economist. "O primeiro lugar de Lula, com 48,6% dos votos, é na verdade uma derrota", afirma a revista no artigo intitulado "Quando vitória significa derrota", sobre o "inesperado" segundo turno das eleições brasileiras. Para a Economist, embora tenha ficado sete pontos percentuais atrás de Lula, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, encerrou a primeira etapa da disputa no melhor momento da sua campanha e com mais "moral" do que o presidente-candidato. Na avaliação da revista, o segundo turno deverá ser marcado por um confronto de estilos e acusações, mais do que por um debate de idéias - como os dois candidatos vêm defendendo publicamente. O artigo analisa Alckmin como o candidato que exalta a eficiência nos gastos públicos e estimula os investimentos privados, enquanto Lula "tende a exibir o que o Estado fez mais do que estimula o setor privado a fazer". Mas, se quiser aumentar as suas chances de vencer no dia 29, o tucano terá de convencer os brasileiros de que manterá os programas sociais do governo Lula, diz a revista. O presidente, por sua vez, na opinião da Economist, tenta ampliar a sua liderança se reinventando como um "apóstolo" da disciplina pública, por exemplo, prometendo baixar a carga tributária. A revista destaca ainda que quem sair vitorioso no segundo turno terá dificuldades de aprovar leis e reformas no "fragmentado Congresso" que resultou da votação do último domingo. Para a publicação inglesa, uma coisa é certa: "no próximo debate, Alckmin não vai enfrentar uma cadeira vazia".
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