O principal desafio do próximo governo é reduzir os gastos públicos. A afirmação foi feita pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. Segundo ele, o aumento das despesas correntes do governo é o grande responsável pelo baixo ritmo de crescimento da economia. "O Brasil convive há muitos anos com a equação do baixo crescimento. O governo gasta muito e, para cobrir as despesas, eleva a carga tributária e corta investimentos", disse Monteiro Neto em entrevista aos jornalistas, logo depois de tomar posse no segundo mandato à frente da CNI. "Dessa forma, não há como crescer no mesmo padrão dos demais países emergentes." Monteiro Neto destacou que, neste período pré-eleitoral, os candidatos à Presidência não explicaram ainda como clareza como pretendem resolver essa questão. "Por isso, o setor empresarial e a sociedade devem se preparar para o debate de como o país enfrentará a questão fiscal", disse. Com essa perspectiva, a CNI pretende debater o tema e formar alianças com os demais atores sociais e o setor público para ajudar a construir um ambiente político propício às reformas. "Isso envolve um diálogo permanente com a sociedade, o governo e o Legislativo." Além da questão fiscal, Monteiro Neto lembrou que há uma extensa agenda de reformas estruturais que precisa ser retomada para recolocar o país no caminho do crescimento. A reforma tributária é uma das prioridades dessa agenda. "Essa reforma passa pela rediscussão do pacto federativo na questão tributária, uma rediscussão de competências e pelo fim do problema mais grave que é o sistema dual. Ou seja, há tributos que foram criados para financiar os estados e as transferências e o sistema das contribuições que financiam algumas atribuições da União", disse Monteiro Neto. Essas contribuições, que não são partilhadas com os estados, representavam aproximadamente 7% da arrecadação há cerca de 10 anos, hoje representam 48% da arrecadação. O presidente da CNI disse ainda que o ajuste fiscal, além de ajudar o país a reduzir a carga tributária e aumentar os investimentos públicos, também contribuirá para a diminuição dos juros. "No momento em que se reduzir a necessidade de financiamento do governo, os juros vão cair naturalmente." Além disso, ele lembrou que a agenda para liberar o crescimento depende da recuperação e da modernização da infra-estrutura, de melhores condições de financiamento, uma reforma na legislação trabalhista, medidas de desburocratização, apoio à inovação e educação. Monteiro Neto admitiu que as mudanças são complexas e que precisam da criação de um clima político favorável às reformas. A nova diretoria da CNI, que tem como primeiro vice-presidente o empresário Paulo Skaf, foi eleita para um mandato de quatro anos.
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