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SEÇÃO
Economia e Negócios
10/11/2006 - 15h35
Pão com inhame
Marcos Crivelaro
 
Boa alternativa na realidade brasileira

A mudança na venda do pão francês levou o brasileiro a perceber o quanto é caro o valor médio de R$ 6 o quilo e sua relativa importância nutricional perante outros alimentos. A farinha de trigo responde por 20% da composição do preço do pão; portanto, qualquer variação de preço para baixo é bem-vinda. Mas, infelizmente, previsões nada otimistas para 2007 já estão presentes para as principais culturas que fornecem farinha para a fabricação de pão: o trigo e o milho. Até a debatida mandioca, cuja obrigatoriedade da adição de 5% a 20% de fécula em toda a farinha de trigo do pão francês não foi aprovada, não promete boa safra para o próximo ano.

O aumento da importação de trigo deve-se à queda na safra brasileira, que será menor em todo o país - em torno de 30%, conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). No caso do Paraná, que responde por metade da produção nacional, devido a fatores climáticos estima-se uma quebra de safra de 45% (1,2 milhões de toneladas). Perante esse motivo, entre outros, o Brasil deverá importar este ano 7 milhões de toneladas (US$ 800 milhões), para completar o volume necessário ao seu consumo interno, que é de cerca de 10 milhões de toneladas. Esta dependência, sobretudo do trigo argentino, que é o maior exportador para o Brasil (95% do total importado), está provocando aumento de preços do produto no país.

O trigo tem hoje seu melhor preço em 10 anos; nos últimos cinco meses ele teve uma alta de preço da ordem de 40% - o mesmo vem acontecendo com o milho. E, mesmo com essa alta nos preços, ocorreu uma redução de 20% na área plantada desse cereal em relação a 2005. Nas perspectivas do setor para a próxima safra brasileira, os fatores que ainda preocupam os produtores brasileiros são o real valorizado e os problemas logísticos, que consomem 40% do lucro.

No caso da mandioca, o Mato Grosso do Sul (segundo maior produtor) pode sofrer uma retração drástica da área plantada na próxima safra (2006/2007), com previsão de queda no plantio superior a 50%. Dois fatores fundamentais estão inibindo os plantadores: preços e dívidas de financiamento acumuladas há dez anos.

Depois do Proálcool e da tentativa do "Pró-mandioca - pão brasileiro", lanço o "Pró-inhame" que busca a autonomia em relação à principal matriz energética alimentar - a farinha de trigo e milho para pães, macarrão, biscoitos e derivados. É uma incoerência o Brasil importar farinha se tem o inhame, uma matéria-prima que pode substituir com vantagens as demais. Segundo Chigeru Fukuda, pesquisador da Embrapa-BA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), no caso do pão francês, a adição do amido de mandioca na farinha de trigo até melhora a conservação dos produtos. Testes da farinha de inhame em laboratório no preparo de farinhas mistas panificáveis evidenciaram a possibilidade de seu uso em substituição à de mandioca, com maiores vantagens. A utilização da farinha de inhame, que desde 2001 é submetida a testes com resultados satisfatórios no desenvolvimento de um pão tipo francês, traz as seguintes vantagens:

· Sem glúten: diferentemente do trigo, do centeio, da cevada e da aveia, o amido do inhame não possui glúten (ideal para quem tem alergia);

· Vitaminas: apoiado na idéia patrocinada pelo Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sindipan), que lançou o projeto Pão Saúde, aditivado com ferro e vitaminas do complexo B, o pão de inhame terá incorporado (devido às qualidades naturais) proteínas, fósforo, potássio e vitaminas do complexo B;

· Agricultura familiar: as fecularias nacionais extraem 500 mil toneladas/ano do branco e fino amido de mandioca. Esse número poderia ser triplicado com o incremento da cultura do inhame, gerando 300 mil empregos no campo, principalmente entre as mulheres, como ocorre na África.

· Alimento popular: o inhame é um alimento tão consumido no nordeste brasileiro que chega a ser usado como substituto do pão.

Apesar da potencialidade de benefícios que a cultura do inhame representa para o negócio agrícola brasileiro, sua produtividade ainda continua baixa, em torno de 11.141 kg/ha. A estimativa da área plantada da Região Nordeste é de 11 mil ha, e a produção, de 120 mil toneladas. A análise de tendências dos últimos 15 anos revela que a área plantada vem sendo reduzida anualmente em proporção elevada de 20%. Esse quadro deve motivar governos de todas as esferas a implantar um "Proinhame" para criar empregos, economizar divisas e tornar o pão um alimento funcional para todos os brasileiros.


Nota do Editor: Marcos Crivelaro é professor PhD da FIAP - Faculdade de Informática e Administração Paulista e da Faculdade Módulo, especialista em matemática financeira e consultor em finanças.

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