Cristóvão Colombo relatou ao rei que o mundo era redondo e entrou para a história como o homem que fez essa descoberta. Hoje, o mundo mudou: ficou plano. A rede de fibra óptica em escala planetária e os novos softwares encurtaram distâncias. Em 2005, algo como 400 mil declarações de imposto de renda de norte-americanos foram feitas na Índia. Os call-centers dos Estados Unidos migraram para a Índia com direito a sotaque americano e tudo, no mais perfeito grau de profissionalismo, gerando uma diminuição brutal dos custos.

Em seu livro "O Mundo é Plano", Thomas Friedman explica que o achatamento do planeta se deu pela convergência de forças, entre eventos políticos, inovações e empresas. O novo mundo é horizontal (conectado e criativo). Algumas forças que alavancaram essa guinada: a queda do Muro de Berlim, que nos levou a ver o mundo como um único mercado, uma única comunidade; os softwares de Fluxo de Trabalho ("coloque o seu aplicativo para conversar com o meu"); o offshoring (levar a linha de produção para outro país, que é o que a Embraco fez na China); o advento da Cadeia de Fornecimento (colaboração horizontal entre fornecedores, varejistas e consumidores com o objetivo de criar valor), entre outros fatores.

Bilhões de pessoas passaram a fazer parte do ambiente competitivo. Elas vinham da China, da Índia e dos países da ex-União Soviética. Graças ao achatamento do mundo e às novas ferramentas, parte dessas pessoas rapidamente se mostrou capaz de colaborar e competir diretamente com todas as demais. O segredo: descobrir uma estratégia para as empresas vencerem, ou pelo menos sobreviverem, no novo cenário dos negócios. Com o perigo da comoditização rondando, as empresas devem fazer radiografias regulares para identificar e fortalecer constantemente seus nichos de mercado, terceirizando o que não reverte em diferenciação diante da concorrência. O desafio do nosso tempo será absorver essas mudanças de modo a não sobrecarregar as pessoas, mas também não deixá-las para trás. Não será fácil, mas somos brasileiros e não desistimos nunca. Seja bem-vindo ao Mundo Plano.

Nota do Editor: César Döhler (cesar@dohler.com.br) é economista.