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13/12/2006 - 08h47
Saúde mental: uma solução, não um problema!
Marilu Peretti
 

Um fenômeno delicado, silencioso e contraproducente é o abuso de drogas, lícitas ou não. Outro problema significativo é o alastramento dos casos de sintomas depressivos, síndrome do pânico e outras patologias psíquicas. Palestras e oficinas que abordam esses assuntos podem atuar na sua prevenção e no encaminhamento dos indivíduos que necessitam de tratamento, minimizando os prejuízos e viabilizando o convívio entre profissionais com algum desses distúrbios, uma vez que se pode gerar uma rede de apoio interna.

Um problema flagrante no mundo dos negócios: as empresas estão se tornando um local propício para o consumo e até mesmo para a compra de drogas. O velho dogma de que o vício não combina com o trabalho parece ter perdido a validade. Alcoólatras e usuários de maconha, cocaína e outros entorpecentes convivem hoje com funcionários sadios, e sem levantar qualquer suspeita. Embora com dificuldades peculiares, eles cumprem suas tarefas e tomam decisões importantes. Muitos conseguem até evoluir na carreira, o que só torna mais difícil o diagnóstico e o eventual tratamento - afinal, quem vai suspeitar de uma pessoa aparentemente bem-sucedida? Embora oculto, o flagelo das drogas já começa a gerar prejuízos concretos para as empresas, de acidentes no trabalho à perda de rendimento de profissionais talentosos. O problema não é novo. As drogas sempre estiveram presentes em locais de convivência social como escolas, universidades e clubes. Mas há sinais de que estão se tornando um autêntico problema de saúde corporativa. Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) assegura que pelo menos 71% dos dependentes norte-americanos estão regularmente empregados. No Brasil, as estatísticas são desencontradas, mas os especialistas concordam que o índice tende a ser semelhante ao dos Estados Unidos. Segundo a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), pelo menos metade dos viciados brasileiros tem um emprego fixo. Na indústria, estima-se que um em cada dez empregados é alcoólatra.

Diversos fatores explicam o surto de dependência no ambiente empresarial. Um deles, por incrível que pareça, é a crescente flexibilização das relações de trabalho. Cada vez mais profissionais desempenham suas funções sem qualquer horário determinado. Muitos sequer aparecem na empresa: ficam em casa mesmo, comunicando-se com chefes e subordinados apenas por e-mail ou telefone. Em resumo, uma situação bastante confortável para quem trabalha sob o efeito de psicotrópicos.

É claro que a simples flexibilização do trabalho está longe de causar qualquer problema. Ao contrário, é até recomendada em casos de estresse. Mas as pessoas que têm predisposição à dependência química geralmente afundam ante a falta de horários, de cobranças e, principalmente, de limites.

Há também uma espécie de simbiose entre o vício e o trabalho. Primeiro, porque as drogas "ajudam" a enfrentar as durezas da rotina diária. São conhecidos os casos de pessoas que buscam substâncias para reduzir a ansiedade, para se manter acordadas e para tentar melhorar o desempenho profissional. Além disso, ter um emprego é essencial para quem precisa bancar doses incessantes de cocaína e outras substâncias.

Existem maneiras de detectar se um colega de trabalho está sendo vítima da dependência química. A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracteriza o problema como uma doença e oferece alguns passos para se fazer um pré-diagnóstico. Segundo a entidade, são dependentes aqueles que: têm forte desejo ou compulsão para consumir a substância; não conseguem controlar as doses consumidas; precisam da substância para aliviar ou evitar os sintomas típicos da abstinência; demandam doses cada vez mais altas para sentirem os efeitos da droga; abandonam progressivamente os prazeres e interesses alternativos em favor do consumo; persistem na utilização da droga, apesar das claras evidências de que o hábito está sendo nocivo para sua saúde.

O resultado é que, hoje, os usuários podem encomendar drogas com relativa tranqüilidade enquanto estão no serviço. A compra e venda de drogas acontece dentro das companhias, através de mensageiros e motoboys. Há casos em que o produto chega em um envelope como se fosse uma encomenda qualquer. Um estudo realizado por um laboratório mostra que os dependentes são uma fonte inesgotável de custos. Em média, os funcionários que consomem drogas utilizam os serviços de saúde das empresas até 16 vezes mais do que seus colegas sadios. Mas em matéria de licenças hospitalares - necessárias para internação ou tratamentos de emergência -, a diferença é de oito vezes. Inevitavelmente, o problema afeta a produtividade. Empregados viciados faltam dez vezes mais ao serviço.

Quando se trata de executivos e profissionais de alto escalão, os prejuízos passam a ser incalculáveis. Segundo pesquisa realizada pela Máster Target, a produtividade média de um usuário chega a ser 30% inferior. Pode-se imaginar, portanto, o que ocorre em uma companhia cujas principais decisões são tomadas por um presidente em porre constante. "Há uma mudança radical, e para pior. A pessoa se torna mais agressiva e cria conflitos com os subordinados. Em pouco tempo, ela fica vulnerável a distúrbios de sono e apetite, e isso acaba se refletindo em toda a empresa", detalha Carla Vecci, executive manager.

Quanto maior a hierarquia do viciado, mais difícil é encaminhá-lo a um tratamento adequado. "Na área administrativa, o dependente tem mais liberdade para determinar horários. Se estiver de ressaca, pode se isolar e pedir à secretária para não ser incomodado. Em resumo, ele pode ditar as regras", ilustra Carla Vecci.

No final das contas, a dificuldade de diagnóstico é mais um dos fatores que favorecem o uso de drogas no ambiente de trabalho. No Brasil, muitos empresários relutam em implantar programas formais de combate ao vício simplesmente porque temem manchar o nome da companhia ou criar um clima de desconfiança entre os funcionários. De acordo com a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), apenas 5% das empresas do país contam com uma estrutura específica para diagnosticar e tratar dependentes químicos.

Em vez de ajudar, porém, a maioria das companhias prefere simplesmente botar os dependentes no olho da rua. A própria lei incentiva a demissão. Pelo código trabalhista brasileiro, embriagar-se e usar outras drogas são faltas mais do que suficientes para o funcionário receber um cartão vermelho. Além disso, a antiga Lei Antitóxicos, criada em 1976 para nortear a repressão ao narcotráfico no Brasil, tratava como criminosos tanto traficantes quanto usuários. A falta de uma distinção ajudou a disseminar o preconceito na sociedade. Hoje, alcoólatras e toxicômanos em geral são vistos como autênticos vagabundos - pessoas que não merecem respeito e tampouco compaixão de seus familiares e empregadores.

Mas, afinal, qual a melhor maneira de tratar funcionários que sofrem de dependência química? Nas poucas empresas que já adotam programas de recuperação, o primeiro cuidado é justamente o de não demiti-los. Os especialistas garantem que ambos, empresa e empregado, têm a ganhar com a manutenção do contrato de trabalho. Outro passo importante é deixar claro que a companhia está disposta a ajudar em vez de punir. Promover palestras ou estruturar um procedimento interno para que todos saibam agir diante do problema são formas de passar o recado. Uma alternativa é buscar consultoria especializada no assunto.

O grande desafio de programas dessa envergadura é identificar quem precisa de ajuda. Geralmente, a dependência só se torna evidente aos olhos dos leigos em um estágio já avançado. E a única alternativa 100% segura para detectar o problema antes que seja tarde é o teste toxicológico - método que ainda gera constrangimentos. Outro entrave é o fato de que os próprios funcionários podem se sentir intimidados ante a necessidade de urinar no copinho.

Mesmo assim, os especialistas recomendam os testes antidoping como uma boa solução. A Esso Brasileira de Petróleo, subsidiária da multinacional Exxon Mobil, é tida como modelo. A companhia realiza entre 500 e 600 exames por ano. Para garantir o sigilo das informações, o processo é todo controlado por um software instalado na sede da Exxon, nos Estados Unidos. Os resultados são utilizados para prevenir acidentes. Por exemplo, é a partir dos diagnósticos que se define quem está habilitado ou não a manusear materiais perigosos.

Os testes toxicológicos também ajudam a desenvolver programas mais eficientes de recuperação de dependentes. Um estudo do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos dá uma dimensão dos ganhos que podem ser proporcionados por uma política bem-sucedida de combate às drogas. Em média, diz o órgão norte-americano, a prevenção e o tratamento redundam em uma queda de 91% no absenteísmo. Nos acidentes de trabalho, uma das principais conseqüências do uso de entorpecentes em serviço, a redução média é de até 97%. Não é por acaso que mais da metade de todas as organizações norte-americanas conta com departamentos específicos para tratar do assunto. De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cada dólar aplicado na recuperação de funcionários drogados dá um retorno médio de US$ 3. Um ganho e tanto - mas irrisório se comparado ao de quem consegue se livrar da dependência e reencontrar a paz na carreira e na família.

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