O jornalista e estudioso da cultura popular Assis Ângelo lança no Dia Nacional do Forró (13 de dezembro, data do 94º aniversário de nascimento do Rei do Baião) um livro sobre o rei do baião, Luiz Gonzaga. O livro, Dicionário Gonzagueano, de A a Z, traz nas suas 224 páginas revelações sobre a carreira do criador do baião e depoimentos reveladores de Dominguinhos, Sivuca, Hermeto Pascoal, Oswaldinho do Acordeon, Anastácia e Carmélia Alves, a Rainha do Baião. O Dicionário traz também uma rica iconografia referente ao Rei do Baião e seu principal parceiro, o advogado e político cearense Humberto Teixeira, co-autor na criação do gênero musical baião, que virou coqueluche no Brasil dos anos de 1940 e 1950. Assis Ângelo descobriu meia centena de músicas de Luiz Gonzaga e parceiros inéditas na sua voz. O livro mostra isso, e mostra também o fenômeno que foi o artista. "Nunca, em nenhum momento da vida brasileira um artista da música popular foi tão biografado e cantado em verso e prosa quanto Gonzaga. E olha que são poucas as pessoas que conhecem a obra dele gravada no Exterior. Gonzaga foi um artista excepcional em todo os sentidos", diz Assis. Sobre o Rei do Baião foram publicados 18 livros e mais de uma centena de folhetos de cordel, até agora. De acordo com o Dicionário, há também mais de uma centena de títulos musicais citando Luiz Gonzaga. Além do significativo número de músicas inéditas deixadas pelo Rei do Baião, Assis Ângelo mostra porque ele foi tão importante para a música brasileira e porque continua "na crista da onda" quase 20 anos após o seu desaparecimento. "O gênero musical baião tem sido gravado no mundo todo desde a década de 1950, quando a portuguesa Carmen Miranda interpretou Baião (Baião Ca-room Pa-pa, versão do norte-americano Ray Gilbert) numa cena do filme Nancy Goes to Rio, da Metro Godwin-Meyer. O novo livro de Assis traz ainda um completo levantamento das músicas compostas por Luiz Gonzaga e parceiros e por ele gravadas, além de revelações curiosas, como a que dá conta de que ele gravou mais músicas do que o rei da voz Chico Alves, contando as regravações. "Entre gravações e regravações, Gonzaga ultrapassa Chico em nove músicas". De acordo com o Dicionário Gonzagueano, o Rei do Baião gravou originalmente 625 músicas em 125 discos de 78 rpm, 41 compactos simples e duplos de 33 e 45 rpm, de 12 polegadas. Gonzaga deixou o registro da sua voz em 266 discos, fora participações especiais nos Lps e compactos de iniciantes na profissão de artista. E mais: músicas de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira foram gravadas pela japonesa Keiko Ikuta e pelo papa do jaz e bebop, Dizzy Gillespie e inúmeros outros artistas estrangeiros. E quem pensa que o Rei do Baião só gravou forró, baião, xote, arrasta-pé vai tomar um susto: ele gravou sambas, choros, mazurcas, valsas... Há um mês foi lançado nos Estados Unidos um disco com músicas do Rei do Baião interpretadas por David Byrne (Asa Branca) e Bebel Gilberto (Juazeiro). O dia 13 de dezembro é uma data especial por ser também Dia Nacional do Forró, que virou realidade a partir de projeto da deputada federal Luiza Erundina, criada no ano passado para homenagear o Rei do Baião, fenômeno da música brasileira.
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