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06/02/2007 - 21h08
Cenários da longevidade ativa
Lísie Lucchese - Pauta Social
 
Educação para a longevidade ativa vem tomando espaço na sociedade

A educação para a longevidade ativa vem tomando espaço em todos os segmentos da sociedade. Muito já está percebido dessa necessidade ao nosso redor. Pouca construção de ambiente está dimensionada, favoravelmente, para canalizar toda a expansão de experiências da população longeva. Interseções se mostram necessárias à construção de uma sociedade longeva. O olhar para as tendências da longevidade ativa implica no refinamento da compreensão sobre as aspirações e necessidades em mutação desse público.

Naturalmente observa-se a concorrência franca entre lojas de material de construção e agências de viagens, entre muitos outros cruzamentos... Que significados estes cruzamentos estão apontando? Pensando do ponto de vista mercadológico, este não é um cenário fácil. O que já está definido é que esta tendência de população longeva está crescente, tendo o Brasil, a estatística mais acentuada no mundo para as próximas décadas.

Como os produtos e serviços estão sendo pensados para dar respostas às necessidades reais desse público longevo? Como está sendo compreendida, por exemplo, a forte influência da mulher longeva no mercado consumidor brasileiro? Pesquisas estão demonstrando que o público feminino compra ou influencia 80% de todas as mercadorias de consumo. Compram 51% dos aparelhos eletrônicos e 75% dos remédios vendidos em farmácias. Também influenciam em 80% das decisões em cuidados com a saúde. Compram 50% dos carros e influenciam 80% dessas vendas.

A mutação do mercado consumidor através da mulher deverá sofrer alguma resistência, pois velhos hábitos não desaparecem rapidamente. Porém, entender tal evolução e implementá-la significa a diferença entre o sucesso e o fracasso das empresas em um futuro não muito distante. Na edição alemã da "Technology Review", o Prof. Dr. Ernst Pöppel, director do "Generation Research Program" na Universidade Ludwig Maximilian, em Munique, cita que os idosos vêem os seus consumos limitados pela falta de produtos adequados. "Temos de nos perguntar como é que muda a nossa percepção ao longo da vida. Os consumidores mais velhos são particularmente difíceis e não se deixam convencer por tecnologias que não conseguem usar ou campanhas publicitárias criadas a pensar nos mais jovens." Exigem bom design e facilidade de utilização. Segundo os peritos, o potencial deste mercado é enorme. Mais atenção ao poder de compra desses "avozinhos" poderia ajudar a criar um milhão de novos postos de trabalho, só na Alemanha. Lá, 30,2 milhões de pessoas com mais de 50 anos têm um rendimento anual líquido de 643 bilhões de euros, uma diferença superior a 30 bilhões em relação a pessoas entre os 30 e os 50 anos.

Sabe-se que no Japão, quase metade da poupança nacional está nas mãos de pessoas com mais de 65 anos. Um pé-de-meia considerável... No Brasil, este comportamento ainda está pouco mensurado. Tem-se através do IPEA e do IBGE muitas estatísticas relacionadas ao aumento da longevidade, porém o enfoque de impacto atual na economia está com seus contornos em construção. Segundo pesquisa da ACNielsen, que dedicou um capítulo à análise de consumidores maduros, estes gastam 25% a mais que o restante da população, tratando-se das compras de bens duráveis. Têm um consumo 7% acima da média em 45% dos produtos e serviços pesquisados, retratam seu principal gasto nos supermercados. Talvez estes dados básicos sejam suficientes para a conclusão inicial que os consumidores maduros são fortes formadores de opinião, e, portanto, merecendo cada vez mais especial atenção. Ainda assim, também no Brasil, esses consumidores sentem-se excluídos das estatísticas e avaliam que as estratégias e iniciativas dos comerciantes não são suficientes para que percebam que os produtos e serviços foram feitos para eles.

Deslocando a observação para o ângulo da assistência às pessoas longevas, quero destacar que muitos comparativos são estabelecidos entre a realidade dos países desenvolvidos, como Alemanha, Suécia, Espanha, Itália, Inglaterra, com a assistência precária no Brasil. São comparativos logicamente cabíveis, mas por vezes com distorções. A sustentação desse padrão de assistência nos países desenvolvidos já encontra-se sob ameaça. Este enfoque me exige um artigo específico. Porém, quero deixar neste momento retratado que do ponto de vista mercadológico, também os países desenvolvidos estão verificando sua lacuna no atendimento mais aprimorado e mais respeitoso a população longeva. Convido você a deslocar a sua observação para outro ângulo: negócios em família.

Quero provocar uma reflexão sobre a exploração do trabalho e também da economia financeira das pessoas longevas. A configuração de negócios em família a partir de desvinculo por aposentadoria das organizações empresariais está tomando vulto. O risco de capital financeiro acumulado em uma vida de trabalho está sem o "sobrenome fundamental": correr riscos calculados. Hoje no público longevo, cerca de 65% sustentam o próprio lar. Suas economias são assediadas para patrocinar princípios de negócios em família. Abro o parêntese de que empreender é muito bom, porém, a falta de preparação para isto é que coloca em risco o todo investido (imagem pessoal, recursos financeiros...).

Hoje a população jovem tem estímulos ao empreendedorismo em todos os ambientes de convivência. Em contra-partida o mercado de trabalho vem mudando seus cenários, exigindo novas alternativas de carreiras profissionais. Isto converge para a alternativa de negócios em família. Tem-se a estatística de que 70% das empresas brasileiras têm origem em famílias empreendedoras. No RS, SC e PR a cultura de convivência familiar é diferenciada com relação ao restante do Brasil. É necessário dedicar abertura a esta discussão, e não simplesmente negá-la, em bases conservadoras. A forma de compor negócios está se alterando, mas, que princípios estamos dispostos a preservar? Como educar a tolerância nas gerações mais jovens? Como os vínculos são caracterizados? O quanto há de consistência nessas construções de vida? E, portanto, o que realmente pode ser duradouro em relações familiares e relações de negócios...

Convido-o a deslocar novamente seu olhar para mais um ângulo: Como e o quanto cada um está preparado para viver a reinvenção da velhice? Hoje antecipa-se a juventude. Por que nos tornamos figuras deslocadas? Por que uma fixação em uma etapa? Estes questionamentos profundos são de Eduardo Gianetti e nos proporcionam refletir sobre o quanto usamos de forma sensata todo o arsenal de recursos para a preservação da juventude. Em cada ângulo que se dá uma breve espiada há muitos cenários a explorar, muitas potencialidades ainda subestimadas (e aqui ainda não avanço no campo do cultivo da fé, seja esta vinculada a qualquer crença religiosa, hábitos de atualização pela educação formal ou informal, prevenções para assegurar qualidade de vida ..., entre muitos outros enfoques). O que lanço, neste momento é a proposta de uma análise sensível e respeitosa: Como cada empresário está disposto a interagir nesses cenários? O que tem como visão para a sua construção? O que estará reforçando com essa visão? Qual a relação de sua contribuição com a sustentabilidade de pessoas e ambientes longevos? Um ponto está com marca muito forte nessa nova configuração da sociedade brasileira: Qual a faixa etária estará com maior dimensionamento nos próximos vinte anos? Qual o percentual de renda anual está se avolumando na mão da população longeva? Portanto, como este poder está sendo observado e respeitado? Apenas um convite para juntos refletirmos...


Nota do Editor: Lísie Lucchese é Gestora Técnica do Instituto de Longevidade.

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