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Ciência e Tecnologia
01/03/2007 - 15h03
Vacina contra a picada do escorpião amarelo
Thiago Romero - Agência FAPESP
 

Experimentos que têm como objetivo levar ao desenvolvimento de uma vacina contra a picada do escorpião amarelo (Tityus serrulatus) estão sendo realizados em Belo Horizonte por pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Carlos Chávez-Olórtegui, professor da UFMG e coordenador dos trabalhos, destaca que não existe no mundo uma vacina contra picadas de escorpião. No caso brasileiro, o alvo foi o amarelo.

“O Tityus serrulatus é a espécie responsável pela maioria dos envenenamentos por picadas do animal no Brasil, sobretudo em São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais, este último responsável por mais de 50% dos casos notificados. No total, são mais de 20 mil casos por ano em todo o país, sendo que a mortalidade atinge cerca de 1,5% desse total”, disse à Agência FAPESP.

Atualmente, a Funed e o Instituto Butantan, em São Paulo, produzem soros para tratar pessoas picadas pelo animal. O objetivo dos estudos feitos em Minas Gerais é desenvolver anticorpos protetores in vivo (vacinas) com potencial de uso terapêutico, visando a aplicações preventivas. “O indivíduo teria anticorpos no organismo antes de ser picado, que neutralizariam os efeitos das toxinas”, explicou Chávez-Olórtegui.

No estudo, o veneno do escorpião amarelo foi dividido em componentes letais, tóxicos e não-tóxicos. Apesar de apresentar características que a assemelham dos componentes tóxicos, os pesquisadores se concentraram na proteína TsNTxP (Tityus serrulatus non-toxic protein), após a comprovação, por meio de análises farmacológicas, de que ela não é tóxica.

“A TsNTxP é muito parecida com toxinas do veneno do escorpião, mas alguns aminoácidos, que não estão presentes na proteína, fazem com que ela perca seu grau de toxicidade”, disse Chávez-Olórtegui. Os pesquisadores injetaram doses da TsNTxP em camundongos, que não morreram após receberem uma quantidade da proteína equivalente a duas picadas do escorpião amarelo.

“Quando purificamos a TsNTxP na mistura do veneno e a injetamos em camundongos, os camundongos produziram anticorpos que neutralizaram as toxinas do veneno”, explicou o pesquisador. O veneno do escorpião tem cerca de 100 proteínas que podem ser tóxicas.

Caminhos alternativos

Como a TsNTxP nativa (purificada do veneno) representa cerca de apenas 1% do veneno do escorpião, para se ter uma caracterização imunológica mais eficiente seria preciso uma grande quantidade do veneno total do escorpião, o que é muito difícil conseguir. A solução foi partir para a produção dessa proteína em bactérias, usando técnicas de engenharia genética.

Chávez-Olórtegui explica que, depois de produzida, a única questão era ter certeza de que a proteína recombinante também seria capaz de induzir anticorpos com a mesma eficiência da proteína nativa. “Comprovamos que as duas têm característica molecular e grau de imunogenicidade semelhantes”, disse.

Com um litro da substância proveniente da cultura de bactérias foi possível produzir de 5 a 15 miligramas da proteína. Em seguida, os pesquisadores identificaram partes das moléculas da TsNTxP responsáveis pela indução de anticorpos.

“Após a conclusão dessa fase, que chamamos de mapeamento de epítopos, conseguimos construir quimicamente a proteína sintética em laboratório, a partir da estrutura primária da molécula de interesse. O grande avanço é que agora temos três maneiras de obter antígenos da proteína TsNTxP em quantidade satisfatória, o que torna mais próxima a possibilidade de termos uma vacina contra o veneno do Tityus serrulatus”, afirma Chávez-Olórtegui.

Atualmente, os pesquisadores fazem testes com diferentes esquemas de imunização em camundongos com a TsNTxP em sua formas nativa, recombinante e também com peptídeos sintéticos identificados na estrutura molecular da proteína.

“Os resultados têm sido extremamente promissores. O próximo passo será fazer testes em animais intermediários entre humanos e camundongos, seguindo as recomendações dos organismos competentes brasileiros e da Organização Mundial da Saúde”, contou Chávez-Olórtegui.

O trabalho tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

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