Caçandoca poderá produzir até 40 mil litros de polpa de açaí por ano
A comunidade quilombola de Caçandoca deve chegar a produzir 40 mil litros de polpa de açaí por ano. A previsão é da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em São Paulo (Incra-SP). Dez pessoas da comunidade, localizada em Ubatuba, no litoral norte paulista, participam diretamente do projeto de produção de polpa de açaí, que teve apoio do Incra para ser implementado. Parte dos R$ 2.400 destinados a cada uma das 53 famílias de Caçandoca foi usada para comprar as sementes de açaí. As mudas foram plantadas em um viveiro, em que são também cultivadas sementes de abricó, caju, rosa e plantas medicinais, para uso comercial ou da própria comunidade. O instituto doou máquinas para que a comunidade colha o coco do Açaí, também conhecido como jussara, extraia a polpa e a embale para a venda, de forma sustentável. A jussara ou açaí é uma palmeira da Mata Atlântica encontrada também em todo o Norte e Nordeste. Na comunidade Caçandoca existem cerca de 30 mil pés de açaí numa área de 60 hectares. De acordo com as estimativas divulgadas pelo Incra-SP, um pé da palmeira pode produzir até cinco cachos para colheita. O projeto prevê colher apenas um cacho em cada planta, deixando os demais para alimentar os animais e pássaros e garantir a reprodução das palmeiras. Um cacho de açaí tem cerca de 700 sementes e pesa em média oito quilos, o que geraria aproximadamente cinco litros de polpa. A previsão é vender cada litro a R$ 8, com uma receita calculada em R$ 320 mil. "Vamos aguardar uns quinze, vinte dias até amadurecer os frutos", afirmou Antônio dos Santos, 61 anos, líder da comunidade. Primeira comunidade quilombola a ter posse da terra ganha apoio para produzir Após tornar-se a primeira comunidade quilombola a receber do governo federal a propriedade da terra, a comunidade de Caçandoca, começou a receber recursos e apoio da política fundiária do governo federal para assentamentos. O primeiro projeto a contribuir para o sustento da comunidade será a produção e venda de polpa de açaí. Em abril deste ano, os quilombolas colhem a primeira safra da fruta. Há cerca de um mês a Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo Caçandoca recebeu as duas máquinas previstas em convênio firmado em novembro de 2006 com a Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Incra em São Paulo (Incra-SP). Pelo convênio, a comunidade tem direito a uma despolpadeira, máquina que retira a polpa do coco do açaí, e uma seladora, que embalar a polpa em sacos plásticos. Também foram comprados máscaras, aventais e luvas, acessórios necessários às atividades. De acordo com a assessoria de imprensa do Incra-SP, até abril também serão entregues à comunidade um freezer e um gerador elétrico, o que permitirá congelar a polpa. Segundo a assessoria, há mais cinco projetos na comunidade, em cada um dos quais trabalha um grupo de famílias. Alguns já estão em fase de implementação, como o de apicultura (criação de abelhas para comercialização de produtos como mel e cera) e o de pesca artesanal. Foram comprados apiários (conjunto de colméias), uma canoa e uma rede de pesca. Os outros projetos estão ligados ao setor do turismo e devem incluir a exploração turística da praia e de trilhas na Mata Atlântica.
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