O prefeito Matarazzo era profundo conhecedor da história de Ubatuba. Pretendia resgatar tudo o que tinha acontecido desde a sua casa na Prainha até a Boca da Barra, por ser a porta de entrada e saída de mercadorias do comércio de Ubatuba e, também por outros fatos que marcaram historicamente o porto da Prainha. Daí nasceu o projeto “Boca da Barra”.

Era a Prainha, por volta de 1885, local muito habitado, boas casarias, sobrados confortáveis e trapiches alfandegários. O movimento era intenso devido à chegada e a partida de numerosas embarcações, procedentes de bordo ou indo de terra.

Boca da Barra, marco histórico de Ubatuba, que ali, ao lado esquerdo da ponte nova, de quem da cidade vai para o Perequê-Açú, com a maré baixa, formava-se uma pequena praia. Depois construíram uma rampa de pedras para atracação, facilitando a carga e descarga das grandes canoas de voga e, também para serem encalhadas com a maré cheia para reparos e manutenção.

Neste local se estabeleceu um ponto de vendas e trocas de mercadoria de intenso movimento, como pode ser facilmente comprovado com fotos da época espalhadas pela cidade.

Os barcos Ubatubinha e Santense eram de médio porte e de uso misto, carga e passageiros, ficavam ancorados na Prainha. Mas quando a maré estava bem alta e o mar calmo, para evitar o árduo percurso transportando as mercadorias nas costas até a cidade, só o Ubatubinha, se arriscava em manobras perigosas.

Entrava na boca da Barra, a marcha ré, até a rampa de pedras onde ficavam atracadas as canoas de voga, em uma manobra sincronizada e rápida, graças à competência do mestre Luiz Camilo e do motorista Tonico Bagre. A manobra de entrada e o descarregamento tinham que ser concluídos em uma ou duas horas, antes de iniciar a vazante, considerando que boca de barra sempre é perigosa pelas constantes e repentinas mudanças da maré. Já os vapores Atlas, Laguna, Mayrink e outros de maior porte, não se arriscavam.

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