As canoas de grande porte, construídas de um pau só, eram chamadas de Voga, com até 2,00 metros de boca (largura) e, algumas usavam uma sobre borda, chegando até 2,50 metros. As vogas maiores vinham de Santos e São Sebastião, com 8 remos e mais as velas de proa, carregadas com utensílios domésticos, panelas de alumínio, barro e ferro, e faziam paradas em Ubatuba, na Boca da Barra.

Depois seguiam viagem comercializando esses produtos em toda a costa norte. Os mais arrojados chegavam até Paraty e Angra dos Reis, litoral sul do Rio do Janeiro. Mas, na sua grande maioria, eram vogas menores com até 6 remos, mais as velas de proa, que vinham das praias do norte do município, principalmente do Camburi, Picinguaba, Ubatumirim e raramente das praias do sul.

Vinham sempre carregadas com peixe fresco e seco, batatas-doces, cará, farinha de mandioca e bananas variadas, entre elas, destacava-se as deliciosas bananas-da-terra, indispensável no café da manhã do caiçara que, com apenas duas dessas bananas, assadas ou cozidas, acompanhadas de uma boa caneca com café de garapa (caldo de cana), eram suficientes para o caiçara agüentar firme o serviço pesado da roça até as duas horas da tarde.

As vogas regressavam carregadas com carne-seca, querosene, sal, açúcar, rapadura etc. Era um movimento intenso no porto da Boca da Barra.

Outros fatos também marcaram historicamente o Porto da Prainha.

No dia 04-10-1916, baixa âncora o vapor LAGUNA, vindo da cidade de Santos e trazendo a bordo o agente federal da polícia marítima, Godofredo Silva Ramos, que retornou no dia 07-10-1916 a bordo do vapor MAYRINK. Com a incumbência de escoltar até o porto de Santos, o ex-agente do Correio de Ubatuba, “Capitão Deolindo de Oliveira Santos”. Seguindo depois para a Capital Bandeirante, no trem da 1h45, para ser entregue a 4ª Delegacia Auxiliar de Investigações e Capturas da Capital Bandeirante, sob o comando do Dr. Franklin de Toledo Piza, ficando a disposição do Juiz Federal. Deolindo tinha sido preso no dia anterior por ter assaltado o estafeta Luiz Suré, no pé da serra, a caminho para Taubaté, violando o lacre da mala postal e retirando vários documentos.

Foi também em um desses armazéns da Prainha que deu início à vingança entre os personagens da lenda da Cruz de Ferro. Gregório (GORINHO) se deparou com a figura odiada de BASÍLIO, o matador de seu pai, Juca Mineiro. Foi no meio da Serra de Ubatuba, pouco antes da Cachoeira Grande, que aconteceu à vingança, culminando com a morte de Basílio.

Em meados de 1967, Matarazzo solicita a respeitada Cia. de Engenharia MAX LOTHAR, estabelecida na Capital Bandeirante, projetos de melhoria para Ubatuba, que iam desde a construção de um pontilhão até a adaptação de uma escola em um bonde ou ônibus. Os projetos foram encadernados em 3 volumes, sendo um deles, de capa mais grossa estampada com letras douradas em relevo, intitulado de: COMPLEXO TURÍSTICO, HISTÓRICO, CULTURAL, ESPORTIVO E COMERCIAL ”BOCA DA BARRA”. Esses projetos foram doados para Ubatuba pela companhia. E tudo foi destruído pelos sucessores de Matarazzo. Simplesmente sumiram dos arquivos da Seção de Desenho, Setor de Planejamento e Urbanismo - SPU, hoje Secretaria Municipal de Arquitetura e Planejamento Urbano.

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