Na quadra onde se encontra hoje o Banespa, seria construído os prédios: do Teatro, Biblioteca e Museu. Nos rios Grande, Acaraú, Tavares ou Lagoa e Indaiá, foram projetadas avenidas marginais em ambas as margens, deixando uma faixa de proteção da mata ciliar com 15 metros, sendo projetada também duas perimetrais as margens da futura rodovia Rio-Santos, a partir do trevo da praia Grande até o trevo do Indaiá. Os três salões construídos para convenções no Horto Florestal, foram abandonados pelos sucessores (hoje se encontram em ruínas - Visite-os). A partir da Água-Tuba, no alto da serra de Ubatuba, seriam construídos vários mirantes acima das copas das árvores, e em outros pontos do percurso da serra, com visão panorâmica da cidade, principalmente para mostrar a exuberância da nossa Mata Atlântica. Não poderia ficar de fora a urbanização da CRUZ DE FERRO (projeto específico), seria elaborado por três profissionais: um botânico, um engenheiro civil e um arquiteto paisagista. Durante a elaboração do Plano Viário, todos os sábados pela manhã, o prefeito Matarazzo vinha na minha Seção de Desenho, para se inteirar do andamento do projeto, sempre acompanhado do assessor particular o Sr. Neco. Em uma dessas visitas, após vistoriar todo o pátio de obras, que não era pequeno, chega a Seção de Desenho, pendura sua bengala no braço da cadeira e, com a respiração ofegante, se apoiando com as mãos no meu ombro e do meu colega BIP, disse: - Se o governo do Estado não cumprir o que prometeu; de construir a segunda pista pelo traçado novo da rodovia Oswaldo Cruz até o alto da serra, eu vou mandar fazer os alargamentos necessários na pista primitiva, para facilitar as ultrapassagens com segurança. E, transformar todo o percurso da nossa serra, no principal cartão-postal de Ubatuba, vocês vão transitar em um verdadeiro jardim! Mesmo que para isso, eu tenha que pôr dinheiro do meu próprio bolso. Vou transformá-la em um roteiro fotográfico obrigatório, para os brasileiros e estrangeiros, que será depois estendido em todos os locais pitorescos de norte a sul da nossa costa. E continuando com as mãos apoiadas em nossos ombros, virando-se de frente para nós recomendou: - Meus prezados jovens, não esqueçam disso: cada funcionário é um fiscal da Prefeitura, denuncie tudo o que vocês acharem errado, para não se arrependerem depois. Esta é a sua cidade! O silêncio, por alguns segundos, tomou conta do recinto, e só foi interrompido quando o topógrafo Roberto Nilsen perguntou-lhe: - O senhor está sentindo-se bem? Não quer ver o projeto? Ainda visivelmente ofegante respondeu: - Hoje não... Eu tenho a certeza que projeto está em boas mãos! - Pegou a bengala, deu tchau. Depois ficamos nos perguntando... O que será que ele viu no pátio do serviço de obras? E, um mês depois, quando levamos o projeto do Sistema Viário da Cidade a Câmara Municipal para que os vereadores ali presentes assinassem, Matarazzo não estava. Até parece que ele já sabia que o projeto seria ignorado, pelos sucessores. E, o jeitinho brasileiro, destruiu tudo, passando como um rolo compressor em cima do Plano Viário, aprovando tudo o que o plano não permitia, e não satisfeitos, tentaram apagar os vestígios de sua passagem como prefeito de Ubatuba. Diziam e ainda dizem, que Matarazzo é passado! Não! Pelo menos enquanto eu estiver vivo! NÃO! MIL VEZES NÃO! MATARAZZO É FUTURO! E NUNCA ESTEVE TÃO PRESENTE COMO AGORA. Clique aqui para acessar a listagem dos textos (já publicados) da série Construindo o passado II.
Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.
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