Consumidor vai gastar mais e ter problemas com aparelhos. Inmetro quer adotar padrão do Haiti para residências no Brasil
Os consumidores brasileiros levarão um grande susto, já a partir de agosto deste ano, quando precisarem comprar plugues e tomadas para suas casas e, também, quando adquirirem novos equipamentos domésticos que funcionam com energia elétrica. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, publicou no Diário Oficial da União, cinco dias antes do Natal do ano passado, uma resolução que vai infernizar a vida de milhões de brasileiros. O Inmetro determinou a fabricação de novos padrões para a produção e comercialização de plugues e tomadas de baixa voltagem. Os plugues deverão ter três pinos e as tomadas um design com rebaixamento o que torna os dois novos produtos totalmente incompatíveis com o padrão universal tradicionalmente usado no Brasil há mais de cinqüenta anos. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico e Aparelhos Eletrodomésticos no Estado de São Paulo - Sincoelétrico, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, disse que "trata-se de desrespeito ao consumidor que terá muitos transtornos e ainda pagará mais pelos novos produtos e pelos adaptadores". Veja só a confusão: 1. Os plugues vendidos atualmente não se encaixarão nas novas tomadas porque seu formato é diferente; 2. O terceiro plugue usado em 220 V, que funcionaria como fio terra, terá função nula durante muitos anos, porque as construções brasileiras não têm o fio de aterramento conectado às tomadas; 3. Os novos equipamentos eletroeletrônicos que virão com os novos plugues nem sempre se encaixarão nas tomadas atualmente existentes nas residências; pois os equipamentos em 10 ampèr terão pinos com 4,2 mm e os de 15 ampèr pinos de 4,8 mm; 4. Para resolver o problema será necessário comprar um adaptador que deverá custar bem mais caro que os modelos tradicionais pelo fato de terem novo formato. Mas existe o risco de o consumidor fazer a tradicional gambiarra, arrancar o novo plugue e conectar os fios desencapados diretamente na tomada convencional, o que significa insegurança; 5. As pessoas que forem morar em residências construídas dentro do novo padrão do Inmetro não conseguirão ligar seus equipamentos eletroeletrônicos usados, diretamente nas novas tomadas. Padrão do Haiti e cartelização O padrão imposto pelo Inmetro é o mesmo usado no Haiti que está em guerra civil, e em alguns poucos países sem relevância no cenário eletroeletrônico. O Presidente do Sincoelétrico observa que a própria resolução considera que não houve consenso sobre as medidas adotadas e denuncia: "O governo foi usado pelas grandes indústrias do setor. Houve um processo de cartelização. A eliminação da concorrência vai favorecer os grandes e prejudicar o consumidor." O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a lançar um programa chamado Bônus Certificação para qualificar micro e pequenas empresas do setor, através de financiamento, em conjunto com o Sebrae. Mas o problema é que, assim que as micro e pequenas empresas conseguiram se enquadrar nas normas do Inmetro para produzir plugues e tomadas no padrão universal em vigor no Brasil, o Inmetro baixou a resolução impondo o novo padrão e ainda determinou rigorosa fiscalização com pesadas multas para quem continuar produzindo segundo o padrão adotado no Brasil há mais de 50 anos. Agora as micro e pequenas, que representam cerca de mil empresas, a maioria familiares, não terão tempo nem dinheiro para investir na produção desses novos produtos, alerta o dirigente sindical. Caso queira saber sobre a resolução, clique aqui.
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