Publicação lançada pelo Sebrae e Fundacentro traz recomendações para melhorar produtividade, padrão de vida dos trabalhadores e proteger meio ambiente
Em Alagoas, a mandioca ocupa o segundo lugar entre os itens da produção agrícola, sendo fundamental para os programas de agricultura familiar desenvolvidos no Estado. A produção da farinha é responsável pela subsistência de mais de 25 mil famílias, cuja economia doméstica está ligada a toda a cadeia produtiva que engloba mais de 600 casas de farinha instaladas na região. No Estado, são ocupados mais de 20 mil hectares com o plantio da raiz. Fazer farinha é uma atividade centenária. O processo de colher a mandioca, esmagar, esfarelar e torrar faz parte da cultura da região. Mas como aprimorar esse processo com inclusão de tecnologia, sem, contudo, comprometer a tradição dessa história? Pensando nisso, técnicos do Sebrae e da Fundacentro realizaram um estudo de campo nas casas de farinha de Alagoas. O trabalho resultou na criação do ’Manual de Referência para Casas de Farinha’, com orientações e recomendações que vão possibilitar a melhoria da qualidade do produto, resultando em maior produtividade, melhoria no padrão de vida dos trabalhadores e maior proteção do meio ambiente. Nos dias 18 e 20 de abril, a publicação foi distribuída para todos os gestores da carteira de projetos de Mandioca do Sistema Sebrae, durante o evento ’Reunião Nacional dos Gestores do Projeto da Carteira de Mandioca’, realizado em Salvador (BA). O lançamento oficial do manual aconteceu no dia 24 de abril, em Arapiraca, Alagoas. O conteúdo da publicação está disponível no Portal Sebrae e Fundacentro - clique aqui para acessá-lo. Em breve, também será criada uma cartilha explicativa para atender os donos de casa de farinha. O Sebrae em Alagoas, que já vinha desenvolvendo um projeto nas casas de farinha do Estado, viu a necessidade de incluir questões ligadas à saúde e à segurança no trabalho. Assim, o projeto passou a ser baseado em três pilares: saúde e segurança no trabalho, proteção do meio ambiente e segurança alimentar. Todos esses itens são tratados na publicação. O conteúdo do manual está dividido em cinco temas. São eles: Boas Práticas de Fabricação (BPF); Diagnóstico Ambiental; Saúde e Segurança no Trabalho; Ergonomia; e Projeto Arquitetônico. Sobre o processo de produção da farinha de mandioca são contemplados, de forma bem didática, os cuidados que devem ser tomados nas seguintes etapas: Recepção das raízes; Descascamento; Lavagem; Prensagem; Peneiramento; Torração (secagem); segundo Peneiramento; Torração final; Resfriamento; e Ensacamento. Também são abordados os procedimentos para o destino final dos resíduos e efluentes da fabricação de farinha. O tecnologista da Fundacentro Luis Renato Palbão Andrade, explica que a idéia é futuramente ampliar a experiência desse manual para outros segmentos. "Queremos buscar outros projetos dentro do Sistema Sebrae que tenham a necessidade de incluir saúde e segurança nas pequenas empresas. Nosso desafio para 2007 é disseminar em outras regiões do País o Manual de Referência para Casas de Farinha", informa. Após trabalhar com as casas de farinha, o próximo segmento a ser contemplado pelas duas instituições será o setor moveleiro. Segurança reforçada Outra importante ação desenvolvida pela Fundacentro é a criação da ’Estação de Trabalho’. Trata-se de uma cadeira, com equipamentos acoplados, para melhorar o trabalho das mulheres que atuam como descascadeiras da mandioca. O protótipo da estação foi feito em ferro galvanizado. Além da cadeira, que é giratória e possui encosto, a estação possui dois aparadores. Um serve para apoiar as mandiocas que serão descascadas e o segundo aloja as cascas da mandioca. A cadeira e os compartimentos são todos encaixados uns aos outros facilitando o seu uso e deslocamento. A mandioca descascada é colocada numa esteira, que fica do lado direito da estação de trabalho. O novo equipamento vai diminuir um dos grandes problemas enfrentados pelas mulheres que trabalham na atividade, que são as fortes dores no corpo, devido ao esforço repetitivo e a posição em que executam o trabalho. Elas descascam a mandioca sentadas no chão. A Estação de Trabalho vai minimizar os perigos à saúde e aumentar a produtividade, com a vantagem de manter o local de trabalho limpo e organizado, de acordo com as normas de segurança alimentar, do trabalho e do meio ambiente. A estação também beneficiará o Arranjo Produtivo Local de Madeira e Móveis de Arapiraca, em Alagoas. Isso mesmo. O equipamento, que já passou pelas fases de testes, demonstrando ganho de produtividade, agora será produzido com madeira, beneficiando as empresas ligadas a esse APL. O custo do equipamento ficará em torno de R$ 300. Não é um equipamento barato, mas caso fosse produzido em outro local sairia com um preço bem mais elevado. O APL já está pronto para receber as demandas. Os interessados em adquirir o equipamento devem entrar em contato com o Sebrae em Alagoas. Além do ’Manual de Referência para Casas de Farinha’, e da ’Estação de Trabalho’, a ação do Sebrae e da Fundacentro resultou em outros produtos. Foi elaborado o ’Relatório Técnico’, para consulta de técnicos da área. Há também um vídeo institucional, que mostra as boas práticas a serem adotadas, as possibilidades de mudança que podem ocorrer na casa de farinha e as ações conjuntas realizadas pelo Sebrae e Fundacentro. Outro produto é uma mostra fotográfica do trabalho feito em campo. Nota do Editor: Sebrae em Alagoas, (82) 3216-1600. Fundacentro, (51) 3225-6688 e www.fundacentro.gov.br.
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