Agora, todo mundo diz, e até ensinam nas escolas, que a causadora dessas invasões e toda essa destruição do município foi culpa da rodovia Rio–Santos – BR-101. Não! Não foi a rodovia! Foram os maus políticos, com anuências dos prefeitos, órgãos fiscalizadores e outros.

O empresário da construção civil conhecido por Pedrão da Guivale me falou naquela época, o que já era notório, que tinha ido buscar na cidade de Ladainha (MG), a primeira leva, e, como ele mesmo dizia:

- Foram pegos a laço, porque todos eram trabalhadores rurais, sem a mínima noção da construção civil (mão-de-obra não qualificada).

Ubatuba está sendo severamente punida pela ganância dos nossos políticos que, para se perpetuarem no poder encorajaram, incentivaram e apoiaram que esses peões de obras ficassem na cidade. Eu qualifico isso de assentamento político, que teve início no primeiro mandato do prefeito Dr. José Nélio de Carvalho. A oferta de empregos nessa área, e a imagem de Ubatuba como uma cidade tranqüila, provocou o aparecimento dos primeiros núcleos de favela, que hoje somam 12, só em áreas de risco.

Esse pessoal foi logo adotado pelos nossos políticos e, imediatamente transformado em eleitores. Os sucessores gostaram tanto da idéia que encorajaram ainda mais, dando respaldo moral aos invasores. E agora, depois dos núcleos invadidos, hoje dotados de melhoramentos executados pela Prefeitura, e completamente lotados, para tapar o sol com a peneira, inventaram esse tal congelamento dos núcleos invadidos. Que nada mais é, que o reconhecimento oficial do direito de permanência, comprovando que residem a mais de cinco anos na cidade. Assim, terão o direito de se inscreverem em programas sociais e habitacionais do município - moradias populares do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano do Estado de São Paulo). Só foi congelado porque não cabe mais ninguém, chegou no ápice!

Esses núcleos, na próxima eleição, vão ser transformados em currais eleitorais e disputados palmo a palmo e de unhas e dentes entre os candidatos, com vantagem absoluta para o atual prefeito, na tentativa de reeleger-se. E a conta vem aí, no IPTU e taxas para nós pagarmos.

Depois que esse pessoal estiver de posse da nova casa, em lugar seguro, aí é que a cidade vai sentir o drama dos efeitos colaterais. Todo mundo de casa nova e sem emprego. Quem vai gerar emprego para que possam honrar os pagamentos das despesas de água, luz, IPTU, alimentação, vestuário, prestação da casa própria etc.? Quem vai garantir que os núcleos desocupados não vão ser vendidos a novos invasores ou ocupados por parentes e amigos dos que saíram? Quem vai controlar i$$o? Vai ser a mesma coisa que amarrar cachorro com lingüiça!

A prefeitura de São José dos Campos, está orientando seus migrantes que voltem para sua terra natal e para tanto está oferecendo transporte gratuito até 100 quilômetros. Já em Taubaté, para se candidatar ao programa de moradia popular, tem que comprovar o tempo de permanência de mais de 10 anos na cidade. E diz mais, a coordenadora do centro de controle de migração Inês Veloso: “em primeiro lugar é preciso tentar sanear os problemas dos filhos da terra”. Esta preocupação também acontece em Ubatuba, mas no sentido ao contrário.

Sensato seria a prefeitura de Ubatuba (SP), oferecer a essas pessoas que quiserem voltar para sua terra natal, construir essas casas lá, amenizado os efeitos colaterais aqui.

Nossos prefeitos e vereadores nunca se preocuparam, e continuam não se preocupando, em sanear (em primeiro lugar) os problemas dos filhos da terra. Vejam os casos mais graves: Camburi, Pincinguaba e todo o norte do município, onde os nativos são massacrados em nome da preservação, entre aspas, da Mata Atlântica.

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