Em Lieja, Bélgica, no final do século XIII surgiu um movimento eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cornillon, fundada em 1124 pelo Bispo Albero de Lieja, este movimento originou vários costumes eucarísticos, inclusive a festa de Corpus Christi. Santa Juliana de Mont Cornillon, no ano 1209, na época com 17 anos, começou a ter "visões", exigindo da Igreja uma festa anual em homenagem a Eucaristia. Somente aos 38 anos, em 1230, ela confidenciou esse segredo ao arcediago Tiago Pantaleão que se tornaria o Papa Urbano IV, 31 anos depois. O padre recomendou que a festa ocorresse no interior de sua Paróquia, Saint Martin em Liège, em 1230. Assim, de maneira discreta, as pessoas passaram a agradecer a Deus, pelo Sacramento da Eucaristia. Somente em 1247 a procissão eucarística pôde sair pelas ruas de Liège. Tornava-se uma festa da diocese e, logo depois, de toda a Bélgica. A festa mundial de Corpus Christi foi decretada por Urbano IV em 11 de agosto de 1264, seis anos após a morte de Irmã Juliana. Ele instituiu, através da Bula "Transiturus", esta festa que viria a ser celebrada toda quinta-feira depois da oitava de Pentecostes. O decreto de Urbano IV teve pouca repercussão, o Papa morreu logo em seguida (2 de outubro de 1264), prejudicando a difusão da festa. A festa de Corpus Christi foi adotada definitivamente somente 50 anos depois de Urbano IV. Em 1313 o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV nas Constituições Clementinas do Corpus Júris, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial. No Concílio de Trento (1545-1563), por causa da Reforma, protestante negaram a eucaristia, fortaleceu-se a instituição da festa de Corpus Christi, o clero realizaria a Procissão Eucarística pelas ruas, como manifestação pública da fé na presença real de Cristo na Eucaristia. Irmã Juliana de Mont-Cornillon foi canonizada em 1559, pelo Papa Clemente VIII. Mas a festa só foi "popularizada" a partir do milagre de Bolsena. Enquanto o padre Pedro de Praga celebrava a missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, na Itália, aconteceu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada caíram gotas de sangue sobre o corporal. Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, informado do milagre, ordenou ao Bispo Giacomo que trouxesse as relíquias a Orvieto. Isso ocorreu em procissão, os fiéis acompanharam a eucaristia sagrada por todo o percurso. Ainda hoje se conservam, em Orvieto, os corporais onde se apóia o cálice e a patena durante a Missa e também se pode ver a pedra do altar em Bolsena, manchada de sangue. Aqui no Brasil, a festa chegou com os colonizadores portugueses e espanhóis e, inicialmente, tinha uma conotação político-religiosa, pois, dias antes das procissões, as câmaras municipais exigiam que casas e comércios fossem enfeitados com folhas e flores. Todas as classes sociais participavam da solenidade de escravos à militares.
|