No governo de Basílio de Moraes Cavalheiro Filho (1973-1976), meu amigo Gilmar Rodrigues da Rocha (hoje arquiteto, e um dos membros que compõem o Conselho do Plano Diretor da cidade), foi contratado para preencher uma vaga de desenhista na qual permaneceu por pouco tempo e, durante este período, conheceu todos os projetos de Matarazzo. A planta do Plano Viário, por ser diariamente consultada ficava permanentemente estendida na mesa, (era nossa Bíblia). A pedido do prefeito, fizemos um projeto da avenida Iperoig, com duas pistas e estacionamento no canteiro central. Eu fiz a planta baixa, e Gilmar desenhou em perspectiva; ficou excelente! O projeto foi entregue, no original, ao prefeito Basílio e nunca mais retornou a Seção de Desenho. Às vezes, ficávamos comentando sobre a importância e implantação desse plano, e Gilmar sempre questionava: - Quem será o engenheiro que vai pôr este projeto no chão? E qual o prefeito? Em 1977, Gilmar Rocha, se candidata e se elege vereador, na primeira tentativa. Eu e o outro desenhista, Benedito Ignácio Pereira (BIP), depositamos nossos votos, confiantes de que agora o caiçara vereador Gilmar Rodrigues da Rocha daria o pontapé inicial, pressionando o prefeito Dr. José Nélio de Carvalho e, defendendo no plenário a importância da implantação do Plano do Sistema Viário da Cidade, que dava diretrizes para implantação de novos loteamentos e expansão da cidade, tendo em vista que já tinha sido aprovado pela Casa em 05/10/1967. E, se não conseguisse apoio da maioria, pelo menos que fiscalizasse. Mas não! Preferiu calar-se, talvez para não se indispor ou por outros motivos, que só ele poderá nos explicar. O pior veio depois, o nobre vereador forma-se arquiteto e, por várias vezes esteve à frente da Secretaria de Arquitetura e Urbanismo. Hoje, depois que a cidade entrou em colapso total, a malha viária totalmente destroçada, o arquiteto retórico, arvora-se contra estes problemas que afetam a cidade, e que no passado ele ou outros, poderiam ter evitado ou pelo menos amenizados. Eu também me considero culpado, por não ter gritado o suficiente para chamar atenção das autoridades, mas antes tarde, do que nunca. É assim mesmo, quando está fora da prefeitura, tem mil e umas idéias, que a população gostaria que fosse implantada, mas quando está lá dentro, esquece das mil e umas idéias boas apresentadas quando estava fora. Esse defeito não foi só do meu amigo, mas de todos que estiveram à frente da Secretaria de Arquitetura e Urbanismo. No governo Matarazzo foi ao contrário, nós deixamos às idéias ruins lá fora, trouxemos as boas para dentro, e ainda melhoramos. O prezado conterrâneo e colega, que quando éramos simples desenhistas dessa mesma Secretaria da qual foi o titular por várias gestões, e defendíamos os mesmos ideais, ao se tornar político, perdeu o amor pela terra natal, provocando uma ruptura dos nossos ideais e conseqüentemente no nosso relacionamento. Em meus relatos está timbrado o meu perfil. Não mudo minha conduta para exercer um cargo de relevância ou qualquer outro de mando. Clique aqui para acessar a listagem dos textos (já publicados) da série Construindo o passado II.
Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.
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