Escola Radical Semes/Sthill completa 15 anos de surf e comemora com o lançamento de uma prancha especial para alunos deficientes visuais
| Francisco Arraes / PMS |  | | | Valdemir Pereira Correa, deficiente visual, surfando com a prancha inovadora, em Santos (SP). |
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Primeira escola pública do País de iniciação ao surf e com grande foco na área social, a Escolinha Radical Semes/Sthill completou 15 anos de história nas ondas de Santos (SP). A comemoração foi realizada na sexta-feira (dia 15), na sede, na Praia do José Menino, com muita festa, com direito até a bolo de aniversário, e uma novidade que vai marcar a história da modalidade no Mundo. Com a vasta experiência nesses 15 anos, o professor Cisco Araña, coordenador da unidade desde o início, criou uma prancha inovadora para aulas a portadores de deficiência visual. O equipamento foi desenvolvido dentro da oficina da Escolinha, com ajuda de Valdemir Pereira Corrêa, primeiro deficiente visual que se tem notícia no Brasil a praticar surf e aluno há 10 anos. Vários detalhes diferenciam o equipamento, facilitando movimentos, potencializando a sensibilidade. “Foram 10 anos trabalhando para adaptar a prancha”, comentou Cisco. Entre os destaques estão o material, feito em EVA, borracha macia, a longarina em relevo para definir o centro, e dois frisos nas bordas, um para colocar a mão na hora da subida, e outro para o polegar, dando mais segurança. Outra inovação pensada por Cisco foi quando o atleta cai da prancha. “E se a cordinha arrebenta. O deficiente visual tem de saber onde a prancha está. Eu estava em casa e vendo o chocalho da Nicole (sua filha) tive a idéia e coloquei chocalhos no bico e na rabeta. Assim ele pode escutar aonde a prancha vai”, contou Cisco. “A quilha também é de borracha e as extremidades são de EVA. Tudo pensado para atender bem”, acrescentou. Val, como é conhecido Valdemir, era só alegria. Aos 37 anos de idade, ele perdeu completamente a visão aos 24 e começou na escolinha, após escutar uma entrevista de Cisco numa rádio. “Ele disse que já tinha trabalhado com deficientes auditivos e queria visuais. Me animei”, contou. De lá para cá, muita coisa mudou em sua vida. “O surf abriu as portas para outros esportes, como capoeira, caratê, judô e kobu-dô. O surf também ajuda a mudar a mentalidade do pessoal. Muita gente imagina o cego de óculos escuros e bengala branca. A molecada está crescendo com a imagem do cego em cima da prancha, pegando onda. É uma maneira de abrir a mente dos jovens, derrubar barreiras”, afirmou. AMPLIAÇÃO - Durante a festa de 15 anos, o prefeito João Paulo Tavares Papa anunciou melhorias e ampliação na estrutura física da escolinha. “O surf é muito importante para Santos e para o Brasil. Aqui é que a história do surf começou. É uma cidade que tem vocação, tem a natureza a seu favor e um povo que gosta de todo o esporte náutico. Mas esse eu acho que é o mais democrático”, disse. “O surf é o mais acessível no aspecto social e abre caminhos incríveis para as pessoas que tem algum tipo de deficiência. É o caso de hoje aqui dessa inovação, que é a prancha voltada para o deficiente visual. É importante que Prefeitura, que os esportistas, e a iniciativa privada, colaborem neste projeto de cunho social dos mais importantes na nossa Cidade”, acrescentou Papa. O prefeito elogiou muito o novo projeto criado por Cisco. “Essa prancha vai ficar na história mundial do surf. É sensacional não só para Santos, é um avanço para o esporte”, destacou ele, que conseguiu com o empresário Antonio Diniz, proprietário da Terracom (responsável pela limpeza pública da Cidade), a doação da prancha para Val. FUNÇÃO SOCIAL - O diretor da Sthill, Alípio Azevedo, ressaltou a função social da Escola Semes/Sthill desde a sua criação. “O mais legal de toda essa história é que as escolinhas que surgem viram clubes de competição e a gente nunca saiu dessa função, do aspecto do aprendizado. Nunca virou escolinha para competição. Sempre batendo no tema da formação do garoto, ou seja, no social. Nunca perdeu o foco disso em 15 anos”, argumentou. “Quem está aqui na escolinha não paga nada. É uma escola pública. Existem mil escolinhas por aí, mas tudo pago. Aqui temos essa função social e procuramos ajudar quem realmente precisa”, complementou Alípio. A festa contou com homenagens a vários alunos, como Reiko Konno, 78 anos, e Fusae Nishida Uramoto, 76, que freqüentam as aulas há seis anos e já surfam de pranchão. Criada pela Prefeitura de Santos, através da Semes, em parceria com a Sthill desde a sua criação, a Escolinha Radical funciona no Posto de Salvamento 2, na Praia do José Menino, entre os canais 1 e 2. Vale destacar que a Sthill está no mercado há 19 anos e conta com lojas em Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Cubatão. A responsabilidade social é uma das metas da empresa e, além da Escola Radical, em parceria com a Prefeitura de Santos, há o patrocínio ao Circuito A Tribuna de Surf Colegial, o mais importante do gênero do Brasil, que tem como proposta incentivar os estudos entre os surfistas da nova geração. Para saber mais sobre a Sthill e suas novidades, acesse o site www.sthill.com.br.
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