(Homenagem ao mestre Augusto dos Anjos)
Numa tenebrosa noite de tempestade Bateu-me à porta um anjo-poeta Dizendo sentir saudade Desta prisão perpétua Tinha o rosto marcado pela atrocidade Dos vermes, que lhe roeram a paixão secreta De viver, neste antro de maldade, Viver, na solidão mais completa. Contive o pavor, o medo, o susto! Na figura esquálida, se decompondo Mal reconheci o augusto Fazia frio, não atendi ao hediondo, E ele, amaldiçoou-me a viver compondo Nesta imperfeita confusão neuronial: - Tua sina será a angústia suprema, Contorcendo-se em dores, hás de sangrar poemas, Como um insano e venéreo animal... Nota do Editor: Edmundo Pacheco é jornalista, editor-chefe da TV Guairaca (afiliada Globo) Guarapuava, PR.
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