Quando vasculho o silêncio da casa a procurá-lo, sei que a espera é necessária. Quem melhor do que eu - a dominar temporais - para abrigá-lo em seus dias de fúria? Sei que o que lhe queima não arde contra mim. É o não entender o mundo avesso e as peças que engasgam a engrenagem. Há o estranhamento do porquê se viver tudo aquilo se o mundo gira tão vertiginoso e o que é tormenta hoje amanhã é sopro. Enquanto seu corpo inquieto interroga, o meu o abriga, posto que é pausa, vírgula de paz em vivências sucessivas. Nota do Editor: Solange Sólon Borges é jornalista, dedica-se a diversos gêneros literários. Entre outras atividades, atua em alguns programas "O prefácio", sobre livros e literatura. Um deles é o programa Comunique-se, levado ao ar pela TV interativa ALL TV (2003/2004). Apresentou, também, "Paisagem Feminina", pela Rádio Gazeta AM (1999), além de crônicas diárias na Rádio Bandeirantes e na Rádio Gazeta - emissoras das quais foi redatora, repórter, locutora e editora.
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