A Polícia Civil de São Paulo entrará em greve no dia 12, pela revisão salarial. E as mulheres e filhos de policiais militares – estes impedidos pelo regulamento de entrar em greve – vão promover, naquele dia, um ato de protesto em frente ao prédio da Secretaria da Segurança Pública, na rua Líbero Badaró, no centro de São Paulo e, depois, vão bloquear portas de quartéis, para impedir a entrada e saída de viaturas e, com isso, inviabilizar o trabalho de policiamento. Os bloqueios-relâmpago também se estenderão a avenidas e rodovias, para demonstrar à população as dificuldades que os policiais paulistas vivem em função dos salários baixos, que vêm sendo achatados sucessivamente desde 1995.

As manifestações foram decididas e anunciadas dia 05/07 à tarde, na assembléia das entidades representativas da polícia. Adriana Borgo, presidente da Associação de Familiares e Amigos de Policiais do Estado de São Paulo (Afapesp), que na semana passada já promoveu o bloqueio de unidades policiais de Campinas, pediu desculpas à comunidade pelos transtornos que o movimento causará, mas destacou sua importância para garantir a continuidade dos trabalhos policiais no Estado de São Paulo. Segundo suas declarações, com os salários que ganham, os policiais não conseguem manter suas famílias e isso fatalmente reflete na qualidade de seus trabalhos, sem falar no sofrimento e desagragação familiar.

A principal reivindicação dos policiais, além do reajuste salarial, é incorporar os adicionais e as gratificações ao salário. O salário base da Polícia Militar é de R$ 468,00, acrescido mais R$ 940,00 de adicionais. Ao passarem para a reserva, os PMs perdem esse adicionais; também não os recebem as pensionistas e os dependentes daqueles que morreram em serviço. Abonos e gratificações têm sido o subterfúgio usado pelo governo para não dar aos policiais os reajustes que a lei lhes garante enquanto trabalhadores.

O tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, presidente da Associação dos Policiais Militares do Estado de São Paulo (Apomi), que também participou da assembléia, disse que o impasse está sendo criado pela insensibilidade do Governo do Estado, que durante todos esses anos tem protelado o reconhecimento do direito salarial dos policiais e agora nem responde às reivindicações. Recordou-se que há pouco mais de um mês, os secretários da Segurança e da Gestão Pública disseram que a reivindicação estava “em estudo”, prometendo uma solução para 30 dias, o que não ocorreu.

“O impasse não é bom para ninguém, muito menos para a comunidade. Todos sabemos como começa, mas ninguém é capaz de prever como termina” – diz Gonçalves, lembrando que até hoje as policiais paulistas, tanto a Civil quanto a Militar, mantiveram-se ordeiras e nos limites legais, quando nos demais estados o caos se instalou. “Se em São Paulo isso vier a ocorrer, deve ser tributado exclusivamente à política protelatória do Governo, que sabe de suas responsabilidades de empregador, mas insiste em deixar o policial em dificuldades salariais” – afirmou, destacando no entanto, que ainda não perdeu a esperança de que, à última hora, algo ainda seja feito para evitar o pior.

No final da tarde, depois da assembléia, o Governo anunciou a disposição de oferecer reajuste de 4,18% aos policiais da ativa a partir de agora e abono de R$ 100,00 para inativos e pensionistas, a partir de janeiro de 2008. A oferta foi considerada inaceitável e não altera os destinos do movimento. Líderes afirmaram que serviu apenas para unir ainda mais as entidades pela reivindicação. Lembram só para atender à inflação não colocada em seus salários durante os últimos 12 anos, os policiais precisam de aumento superior a 100%.

Fonte: APOMI – Associação dos Policiais Militares do Estado de São Paulo.