Cálculos da Polícia Militar estimam em cerca de 2 mil o número de pessoas que participaram de passeata organizada por uma comunidade do site de relacionamento Orkut, contra a corrupção e o governo. Muitas vestiam camiseta preta e usavam um nariz de palhaço; outras pintaram o rosto com as cores da bandeira brasileira. Ao som de um trio elétrico, os manifestantes se concentraram na Avenida Paulista e por volta das 15 horas de ontem (04) seguiram para o Parque do Ibirapuera, onde encerraram o protesto com um abraço simbólico ao Obelisco - mausoléu dos soldados constitucionalistas da Revolução de 1932. No percurso, moradores dos prédios jogaram papel picado em solidariedade. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a marcha não chegou a causar transtornos no trânsito, embora tivesse sido interditada uma das faixas de circulação dos ônibus, com bloqueio apenas enquanto os pedestres passavam. Antes de iniciar a caminhada, o grupo entoou o Hino Nacional e fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do maior acidente aéreo da historia do país, ocorrido no último dia 17. O acidente, que deixou 199 mortos, foi o tema principal dos vários discursos. Entre os manifestantes estava Maurício Pereira, pai de uma das vítimas, Mariana Pereira, cujo corpo ainda não foi identificado. "A minha filha tinha terminado o primeiro semestre do curso de medicina, depois de ter ralado muito para entrar na universidade federal de Porto Alegre e estava vindo de férias, quando virou uma estrelinha precocemente", disse Maurício. E completou: "Ela foi assassinada pela ganância do capitalismo selvagem irracional junto a um pseudoesquerdismo que a gente viu que não existe". Ele foi bastante ovacionado ao relatar a dor da perda: "Não vi ninguém com compaixão, estou vendo compaixão em vocês". A ministra do Turismo, Marta Suplicy, foi lembrada em um dos cartazes do protesto: "Relaxa e Vaza". Em outro, ex-aeronautas reivindicaram indenização para funcionários da Varig. Enquanto os manifestantes se revezavam entre gritos de "Fora Lula" ou "O povo unido jamais será vencido", entre outras palavras de ordem, a publicitária Ângela Benassi resumiu: "Eu vim participar porque cansei do descaso, do desprezo para com o cidadão e com tudo o que está acontecendo, com a corrupção no governo e nas várias instâncias da nossa sociedade".
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