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Ubatuba
13/08/2007 - 10h12
A situação da Santa Casa e da Saúde em Ubatuba
Elias Penteado Leopoldo Guerra
 
Agosto de 2007

A população de Ubatuba percebe e sente as conseqüências dos enormes e graves problemas de saúde que ocorrem atualmente em Ubatuba. É absolutamente necessário que se tenha conhecimento por que esses sérios problemas existem e por que a situação da saúde no município está muito longe de ser a adequada às necessidades da população.

Com relação à Santa Casa de Ubatuba, o que mais se fala é sobre a gravíssima situação financeira do hospital e os decorrentes e conseqüentes problemas, mas não se procura saber qual a sua razão. Imaginemos que a Santa Casa de Ubatuba recebesse 25 milhões de reais para pagamento de sua dívida, que recebesse 500 mil reais por mês para equilibrar seu orçamento de custeio e recebesse mais dez milhões para investimento em instalações e equipamentos. Mesmo assim, em poucos meses, a situação financeira e de atendimento à população continuaria como está atualmente, a menos que seja feita a completa profissionalização do Hospital. A imagem que serve de exemplo da situação da atual administração da Santa Casa é semelhante à de se abrir a torneira de um tanque sem fechar o seu ralo e esperar, ingenuamente, tolamente ou desonestamente, que o tanque se encha.

A pergunta que se coloca hoje a qualquer pessoa de inteligência normal, de bom senso e honesta, é se aceitaria ser passageira em um avião Airbus A320, com mais outros 180 passageiros, que fosse pilotado por uma pessoa sem qualquer formação e informação profissional, sem qualquer conhecimento ou experiência em pilotagem de qualquer tipo de avião, sem maturidade nem responsabilidade para perceber suas limitações e sem capacidade e nem honestidade de admitir isto?

Esta é a situação atual da administração da Santa Casa de Ubatuba, que, como já foi alertada recentemente a população de Ubatuba sobre a atuação não profissional da direção da Santa Casa de Ubatuba, tendo sido mencionada a decisão de tirar a secretária do Conselho Gestor, sem a devida substituição, com o objetivo de criar obstáculos à atuação do Conselho, que tem a existência prevista na Constituição Federal e na Lei, com a finalidade, dentre outras, de fazer a auditoria da sua gestão e assessorar a administração do Hospital no seu desenvolvimento. O estilo déspota e autoritário de gestão, desvinculado das reais necessidades de atualização da Santa Casa, através de sua profissionalização, é demonstrado claramente na ordem da direção administrativa da retirada do computador da sala do Setor de Captação de Recursos, que foi adquirido por doação captada pela Srª Eva, em razão de críticas feitas por ela a problemas da instituição, o que foi também confirmado por outra medida absurda e irracional de impedir a entrada no hospital da Srª Eva dos Santos, voluntária que foi designada oficial e publicamente pela administração anterior para exercer a função de desenvolver e exercer a coordenação do Setor de Captação de Recursos e que já demonstrou sua capacidade para essa função ao celebrar convênio com o Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, em uma parceria que já resultou na doação de equipamentos hospitalares modernos e de grande necessidade para o Hospital, para os quais a Santa Casa não tinha recursos para adquirir.

Esta é a situação atual da administração da Santa Casa de Ubatuba, cuja direção administrativa não tem qualquer informação sobre administração hospitalar ou de qualquer organização, ignora e nem procura, deliberadamente, qualquer informação ou assessoria, nem aceita qualquer informação ou participação da equipe de administração em formação profissional, que já estava apresentando resultados reais no desenvolvimento, modernização e profissionalização da Santa Casa de Ubatuba.

Já é tempo que a administração pública, que exerce sua atuação por delegação da população e em seu nome e interesse, faça a imediata troca da direção da Santa Casa, antes que o caos em que a entidade está se transformando inviabilize seu funcionamento, mais uma vez, em prejuízo da população.

Não se podem desassociar os problemas da Santa Casa de Ubatuba da situação da saúde publica, que é de responsabilidade direta do Executivo Municipal, pois se trata de um sistema integrado, no qual a Santa Casa de Ubatuba e a Secretaria Municipal de Saúde interagem mutuamente e são interdependentes.

Só não busca a verdade quem não é inteligente, honesto e responsável. Imaginemos que o prefeito de Ubatuba tivesse adoecido, apresentando problemas de saúde. Certamente se internaria em um hospital para que os médicos pudessem diagnosticar seus problemas e prescrever profissionalmente as ações para sua cura. Para fazer isto os médicos teriam a necessidade de solicitar exames de apoio de diagnóstico, para que tivessem as informações das causas dos problemas e assim solucioná-los.

Qualquer pessoa que achar que a realização de uma Comissão Especial de Inquérito a ser feita pela Câmara Municipal é desnecessária, ou está alienada, desligada da realidade da cidade em que vive ou tem outras intenções não honestas e não responsáveis com a população.

Já é tempo que a população de nossa cidade desperte e tome conhecimento de seus direitos e deveres, tendo sempre presente e consciente que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário somente existem por delegação parcial especifica e precária da população, pois, como está claramente declarado em nossa Constituição Federal, o poder emana, SE ORIGINA E PARTE DO POVO. Nunca se deve esquecer que essas FUNÇÕES PÚBLICAS são constituídas de SERVIDORES PÚBLICOS, OU SEJA, DE SERVIDORES DO PÚBLICO, DA POPULAÇÃO, a qual, portanto, tem a responsabilidade de exigir que cumpram o mandato para as funções para as quais foram colocados temporariamente e das quais PODEM SER DESITUIDOS, MESMO PORQUE QUEM PAGA SEUS SALÁRIOS É A POPULAÇÃO ATRAVÈS DOS IMPOSTOS.

A Santa Casa de Ubatuba pertence à Irmandade Senhor das Passos de Ubatuba, que é uma associação beneficente, filantrópica e constituída pela população; mas mesmo que a Santa Casa tivesse sido estatizada, municipalizada, continuaria a pertencer à população, pois a propriedade dos bens públicos é da população. Portanto devem ser dadas informações à população sobre a real situação da administração e situação financeira do Hospital e suas causas. Na administração anterior, profissional, do Sr. Álvaro M Spínola, foi feita prestação de contas mensalmente ao Conselho Gestor da Santa Casa e ao Conselho Municipal de Saúde de Ubatuba – COMUS UBATUBA, tendo sido a última prestação de contas realizada em 12 de junho de 2007. Por esta razão foi oportuna e adequada a aprovação na V Conferência Municipal de Saúde, que é a instância máxima no Município em assuntos de saúde, realizada em 5 de agosto de 2007, de deliberação de realização, em 27 de agosto de 2007, de Audiência Pública sobre a atual situação da Santa Casa de Ubatuba, com a participação do Ministério Público, Câmara de Vereadores, Secretaria Municipal da Saúde, OAB, COMUS, Conselho Gestor da Santa Casa e a população.

O que já se percebe claramente nesta nossa cidade é que a população já se cansou de ser manipulada e manobrada e já está começando a exercer seu dever e responsabilidade de exigir também a responsabilidade daqueles que a administram em seu nome.

Elias Penteado Leopoldo Guerra

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