Folha de São Paulo, 01 de setembro de 2007. O Ministério de Turismo divulgou lista de 65 destinos escolhidos para atingir padrão de qualidade internacional. Objetivo: desenvolver o setor e evitar que o país receba visitantes apenas no litoral. A avaliação da infra-estrutura dessas cidades e definição das mudanças necessárias ficam por conta da Fundação Getúlio Vargas que formatará metodologia para medir a competitividade dos destinos. Trabalho que já passa de ano consumindo 26 milhões de reais. Os destinos escolhidos receberão investimentos e benesses. Haverá também desoneração fiscal para investimentos na compra de equipamentos para o setor. Isso significa que além do poder público investir nesses eleitos eles contarão com isenção de impostos e orientação da Fundação Getúlio Vargas. Ubatuba não está na lista dos contemplados. Na avaliação considerou-se a organização político-social, acessibilidade, preservação ambiental, propaganda do destino, aviação regional, gastronomia, parque hoteleiro e cultura local. As 80 sei lá quantas praias, o fato de ser a "capital" do surf e nessa capital pulularem reis por todos os lados, a água empoçada nas praças e a falta de lixeiras nas ruas esburacadas, remendadas e sujas não foram consideradas. Tampouco as ferragens expostas nas pontes, nem a quantidade de cadeiras, mesas e buracos da calçada da orla da praia do Itaguá, ou sequer a qualidade do sistema de saúde local. Obra de porte e de muita coragem como a ciclovia não impressionou, nem mesmo se técnicos cicloviários alemães viessem fazer um estágio bicicletário. O esforço feito para remover o parquinho de diversões também não contou, assim como também a grande avenida ora em construção. Com certeza não sabiam que nela seriam implantadas lombadas eletrônicas, caso contrário a conversa seria outra. Trapiches, marinas, ancoradouros, construção em ilhas... coisas que não se podem fazer aqui já foram e continuam sendo feitas naquelas que foram eleitas e que serão subsidiadas, receberão incentivos e sendo em curto prazo destino turístico internacional. Em Liliput tudo era pequenino, principalmente os homens, mas em Brobdingnag tudo era grande, os homens também, e como bom e atento viajante esses detalhes não passaram desapercebidos para Gulliver.
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