Não me conhecerão por aquilo que não sou. Nem por mim, nem por ti, nem pelos que passarem por caminhos que não me pertenceram, pois é trilha certa que seguir, não vou. Não saberão qual a cor do céu que me encobria, nem a paisagem que mais me encantava, ou a dor mais profunda que eu sentia. Não me ouvirão, por tantos momentos que me calei... Nem pela voz que mesmo bradando, devastando, fiz clamoroso protestar, ou pelas palavras mudas, que há muitos dediquei. Não saberão em qual tom entoei este canto, nem se a minha melodia era o fruto de uma irreverência que opositora se fazia, em formato de sonata... Reproduzida com o intento de esconder meu pranto. Não visualizarão as infinitas fotografias que já rasguei; nem os lúcidos pensamentos que em desvario frutificaram-se nesta mente sã e fecunda, e, que por serem inanimados, não compartilhei. Não conhecerão o brilho dos olhares que não dei, nem pelos tempos passados, nem pelos dias presentes, pois meu consolo, vem "do saber" que não me perco nem me desencontro, por aquilo que não sonhei. Não saberão em qual direção irei andar... Se deixarei meu corpo e minh’alma em qualquer chão, se estarei entre o céu ou a terra, se alcançarei o horizonte ou atravessarei o mar. Pois nem por mim, nem por ti, nem pelos que passarem por caminhos que não me pertenceram, a minha estrada irei percorrer, mesmo que a me devastar, tendo a alma tão machucada... Não me negarei. Nota do Editor: Elizabeth Misciasci é jornalista.
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