Hoje, a maioria das micro empresas utiliza o dinheiro como principal instrumento de pagamento. É o que mostra pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) encomendada pelo Sebrae Nacional: 67% dos microempreendedores preferem esse meio. Já o cheque é preferência de 22% e apenas 6% usam o cartão de crédito empresarial. Por último, a transferência eletrônica que é usada por 2%. Diante desses dados, as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) têm um grande potencial inexplorado e se tornou a mais nova cobiça do mercado. As companhias de pequeno e médio porte, por sua vez, preferem o cheque: 55% e 63%, respectivamente, direcionam os pagamentos por esse meio. O dinheiro aparece em segundo com 31% e 19%. Depois, a transferência eletrônica, com 7% e 12%, e por último os cartões com 5% em ambos setores. Alexandre Guerra, gerente do Sebrae Nacional, aponta alguns fatores que afetam a adoção do cartão como o desconhecimento do produto tanto de quem oferta como quem adquire, o limite pouco atrativo em comparação com o cartão pessoal que o empreendedor possui e os custos contratuais elevados. Por outro lado, o executivo aponta a possibilidade de regular o fluxo de caixa e a eliminação dos custos de emissão dos boletos bancários como fatores positivos para adoção do cartão. "Além disso, outro argumento forte é a questão da segurança no movimento monetário nas compras realizadas pelos funcionários, pois pelo plástico é possível estabelecer limites diferenciados de crédito para cada colaborador da empresa", diz. "Cabe os bancos e as bandeiras fazerem o trabalho educacional para desmistificar a idéia do descontrole e medo de se endividar com o cartão", alerta Regina Rocha, vice-presidente da MasterCard do Brasil. Assim como nos cartões de crédito ofertados ao consumidor em que o produto vem atrelado a vantagens e descontos, essa relação também é esperada por parte dos empreendedores. Neste sentido, Regina acredita que a bandeira precisa fazer mais ações e aumentar a rede de estabelecimentos credenciados para atender esse segmento. "A micro quer comprar matéria prima para seus negócios e a aceitação do cartão em redes de atacado é pequena. Conseqüentemente, esse empresário desconhece ou nunca vai querer ter um cartão". Rafael De La Vega, vice-presidente da Visa Internacional, comenta das dificuldades da bandeira em desenhar produtos que atendam às necessidades das MPEs. "Quando o setor de cartões resolveu entrar no nicho da pessoa jurídica a impressão é que as despesas com viagens seria o melhor caminho para disseminar o instrumento de pagamento". Ele explica que apenas 1% utiliza o plástico para pagar esse tipo de gasto. Um exemplo é a empresária Wanessa Kelly Batista, do estúdio fotográfico Studio Arrais que registra faturamento anual da ordem de R$ 800 mil. "Eu tomei a iniciativa de pedir um cartão empresarial no meu banco, pela necessidade de separar as despesas pessoais da empresa e também porque viajo muito". Para ampliar a concepção, Rafael, da Visa, mostra mais números. "Nós constatamos por meio de pesquisas que 56% das empresas têm despesas maiores com a operacionalização do negócio, como insumos e matéria prima". De olho nisso, a Visa lançou três novos pacotes customizados do cartão Visa Empresarial, entre eles, o Pacote para Gastos Empresariais Diários destinado aos empreendedores que precisam de capital de giro.
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