O Comitê de Política Monetária - COPOM - reduziu a taxa de juros em 0,25% em sua última reunião realizada no dia 5 de setembro. Essa redução já era esperada pelos analistas do mercado financeiro e não causou nenhuma surpresa. A decisão confirma a tendência histórica da queda dos juros no Brasil, que deve continuar até o final do ano.

Apesar da recente elevação dos preços nos alimentos, a meta de inflação projetada para este ano - 3,8% em dezembro - ainda está abaixo do centro da meta que é de 4,5% pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA. Isto comprova que não há uma elevação generalizada dos preços, mas sim uma elevação de nichos de preços e de redução de preços em outros nichos do mercado, comportamento plenamente aceitável para uma economia complexa como a brasileira.

O COPOM sinaliza também que, por enquanto, a crise de crédito mundial ocasionada pela bolha no setor de crédito imobiliário norte-americano não impactou a política monetária brasileira. Há ainda outros indicadores interessantes como o dólar próximo de R$ 2,00 e a negociação de valores mobiliários, com o Ibovespa em torno de 54 mil pontos.

Outra boa notícia é que o volume de dinheiro estrangeiro no Brasil deve dobrar este ano, US$ 34,5 bilhões contra os US$ 18,8 bilhões em 2006, de acordo com estudo realizado pela revista "The Economist", publicado dia 06/09/2007. O Brasil é um dos três maiores recebedores de investimentos externos entre os emergentes, atrás apenas da China e da Rússia.

Entre os motivos dessa preferência do investidor internacional pelo Brasil, apontados pelo estudo do departamento de análises econômicas da "The Economist", há uma série de políticas implantadas durante a década de noventa, tais como o regime de metas que possibilitou o controle da inflação e redução da volatilidade do câmbio, o aumento de renda da população e o início da trajetória de queda de juros.

Caminhamos assim para um fim de ano com a economia estável e esperamos que as perdas, que alguns investidores tiveram enquanto os reflexos da crise no setor imobiliário norte-americano impactavam o mercado financeiro brasileiro devem ser recuperadas no curto prazo. Entretanto, o estudo aponta também que no próximo ano os investimentos estrangeiros devem ficar em torno de US$ 27 bilhões, abaixo do nível de investimentos deste ano. Segundo a "The Economist", a burocracia no ambiente de negócios, o excesso de impostos, a regulação ineficiente e a falta de infra-estrutura são as causas que afastam investidores.

Enquanto não passarmos por algumas reformas que viabilizem a solução destes problemas, teremos dificuldades em aumentar os investimentos e gerar o crescimento econômico sustentável que nosso país precisa. Por outro lado, outros emergentes como a China, por exemplo, ampliam sua vantagem como opção de investimento no mercado financeiro internacional.

Nota do Editor: Cláudio José Carvajal Júnior é coordenador dos cursos de Administração da Faculdade Módulo. Master of Business Administration - MBA Executivo Internacional, pela Universidade da Califórnia (EUA), Bacharel em Administração de Empresas e Pós-Graduado em Administração, pela EAESP/FGV. É também Diretor-Executivo da CPD Consult Ltda. - Consultoria em Gestão Empresarial.