Nos próximos doze meses, os municípios brasileiros vão experimentar mais uma vez o processo político que culmina na escolha de novos eleitos às funções de dirigentes municipais nos poderes executivo e legislativo. Em uma linguagem mais direta, entramos na caminhada que definirá os próximos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Trata-se da eleição mais próxima do povo, aquela que os agentes políticos e pretendentes aos cargos eletivos estão mais acessíveis a quase tudo e a quase todos. O voto, além de um importante instrumento de exercício de cidadania, representa para os brasileiros talvez o único direito de igualdade entre um e outro, independente da classe social, do grau de instrução ou da posição exercida. Sendo assim, o pleito eleitoral deveria oferecer a todos os cidadãos o mesmo tratamento, o que, infelizmente, não acontece. Alguns são vistos com mais ou menos importância, e, conseqüentemente, uns se tornam negociadores e outros negociados. Pela lógica e até mesmo pelos mecanismos que foram criados ao longo dos tempos, o meio político deveria estar exercendo um expressivo interesse por parte da coletividade. No entanto, ele vai exatamente na contra-mão. A disparidade social, a lentidão na solução dos problemas, a falta de alternativas e, principalmente, a descrença na esfera política, têm afastado o povo e naufragado a participação popular. Com um imenso repertório de desacertos e ações ilícitas praticadas pelos agentes eletivos desmontam qualquer iniciativa que pudesse restabelecer o interesse popular por esta que é uma das mais importantes aéreas do dia-a-dia e da vida das pessoas. E para o nosso mal, cada vez mais uma minoria tem se apropriado do poder e tornado-o uma fonte de prática pelo individual. Neste contexto, cada vez mais nos perguntamos como que num país tão grande falta espaço justamente para os menores e mais numerosos cidadãos. O que temos visto nos últimos tempos é uma disputa sem precedentes nem limites pela manutenção do poder. E a exemplo do processo nacional, isso ocorre também na questão local. Não se estabelece o confronto de idéias, propostas e alternativas, mas sim, o confronto de quem pode mais e de quem tem mais. Neste meio, acuado e assustado, o mais idealista e esperançoso é anulado pela força da máquina ou do poder econômico, reprimindo suas vontades e congelando seus projetos. Uma triste realidade que torna a prática da política cada vez mais obscura, afastando as pessoas do bem e abrindo espaço para quem vê na política um grande negócio. O quadro não é dos mais animadores, mesmo assim, é salutar e fundamental a participação, pois quanto mais distante estivermos menor será a nossa contribuição e, automaticamente, nosso direito de indignação. Mesmo não inserido diretamente no processo é possível somar para que paliativamente a realidade seja alterada. A informação de uma forma simples e acessível pode ser uma ferramenta significativa neste sentido. O cidadão precisa aprender que o seu voto é um importante material na construção de uma nação mais justa e igualitária e que as escolhas devem ser as mais certas possíveis. Um voto tem conseqüência por quatros longos anos e as opções devem ser analisadas com toda a seriedade e responsabilidade de quem pode mudar o destino de um bairro, de uma cidade, de um estado e de um país. Por mais desacreditada e manchada que esteja a política ao nosso redor, ainda é ela que tem a possibilidade de mudar a vida das pessoas para melhor ou pior. Se para o bem ou para o mal, o resultado será conseqüência das ações dos agentes que serão escolhidos pelo nosso voto. Resta esperar que a escolha do povo seja acertada e que aos poucos possamos dar uma resposta positiva àquele sentimento de esperança que ainda permanece em cada um de nós, por mais retraído que ele esteja. Nota do Editor: Gilson Santos (gilsonpien@hotmail.com) é jornalista e cientista político.
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